João AB da Silva

Economista e investidor

Economista e investidor

João AB da Silva

Hipócritas do mundo, uni-vos!

Nem todos os socialistas são iguais. Felizmente, alguns são mais hipócritas do que outros. O caso do México é emblemático. AMLO é tão populista quanto os seus pares. Também ele falseia a democracia, sustentando o poder numa sociedade organizada por movimentos culturais e políticos que o favorecem. Também para ele a cultura é uma arma, desde que a licença de uso e porte seja da sua exclusividade -- prova disso são as mañaneras, programa de TV em que diariamente se dirige ao povo. E a ver pelo discurso, também ele gosta tanto dos pobres que só pensa em multiplicá-los (como diria Mariano Grondona).

João AB da Silva

Think-tanks, bacalhau e ampolas capilares

A sociedade contemporânea não vive sem laboratórios de reflexão ou de ideias. Na expressão inglesa, think-tanks. Estas plataformas sugiram há mais de um século, perdurando até aos nossos dias, como é o caso da Fabian Society (1884), da qual fizeram parte Bernard Shaw e H.G. Wells. Outro exemplo centenário é o Council on Foreign Relations (1921), cuja existência se deveu à necessidade de conceber um novo mundo, após a 1º Guerra Mundial e consequente queda dos impérios Austro-Húngaro e Otomano.

João AB da Silva

Caracol de corridas

Há um par de meses, o Governo de Liz Truss ameaçou cometer o maior sacrilégio dos nossos tempos - reduzir os impostos, com vista a manter os rendimentos na posse das famílias, dos trabalhadores e das empresas, ao invés de os transferir para o Estado. O que é o mesmo que dizer, perpetuar a dívida. Esta é a escolha que os políticos têm entre mãos: permitir que os comuns mortais retenham a riqueza que produzem ou extorqui-los com impostos, a troco de esmolas públicas, para satisfazer os delírios monetaristas de um mundo que, desde que saiu do padrão-ouro, mais parece uma impressora xerox.

João AB da Silva

Gatinhos nos acudam

Dizer que a China é o modelo para o futuro rapidamente se tornou o cliché do século XXI. Na década de 2000, todos o apregoavam. Desde os capitalistas, levados pelo fascínio da globalização e ascensão de mercados emergentes, aos anticapitalistas, iludidos pela fantasia de um comunismo de mercado - uma evidente contradição, mas que muitos tomaram como real. A crise de 2008, entretanto, apenas veio reforçar esta ilusão. Recordo-me de Žižek encher a boca com as supostas lições de capitalismo que os comunistas orientais davam aos capitalistas do ocidente.

João AB da Silva

Por favor, não levem a mal

Como já era previsível, 2023 será mais um dos anni horribiles que têm assolado o nosso século. Em termos económicos e financeiros talvez venha a ser o pior. A culpa é do Putin? Ele não é lá muito bom rapaz, de facto. Terá de responder pela guerra injusta e criminosa que impôs à Ucrânia, sem dúvida. Mas, foi ele que elevou ao histerismo as medidas anti-pandémicas? Foi ele que tentou camuflar as respetivas consequências imprimindo dinheiro a rodos, literalmente, como se não houvesse amanhã? Foi ele que entrou numa espiral de sanções contra si mesmo, que levaram à solidificação do bloco russo-chinês e tiveram um efeito bumerangue devastador na Europa?

João AB da Silva

Nicarágua e a simpatia utopista

Já tenho alertado para o combate sem quartel que se está a travar na América Latina, entre os defensores da democracia ocidental - ou o que resta dela - e revolucionários do Foro de São Paulo, dispostos a cometer todos os crimes e atrocidades em prol do comunismo do século XXI. A tática destes últimos é sempre a mesma: aproveitar a hegemonia cultural granjeada a seu favor, ao longo de décadas, bem como o vasto processo de infiltração nas instituições democráticas para, então, tomá-las definitivamente de assalto. Assim, por meio da fabricação do consenso institucional e social, com espantosa malícia jurídica e cumplicidade dos media locais, têm conseguido impor a velha tirania comunista sob a capa de democracia popular e nacionalista.