

Maria da Graça Carvalho
Artigos publicados


O papel do Ensino Superior na reinvenção da sociedade
O período histórico que atravessamos é simultaneamente exigente e entusiasmante. Por um lado, enfrentamos um desafio existencial: temos de encontrar rapidamente um equilíbrio com o mundo natural que assegure a sustentabilidade futura do nosso planeta e das espécies que o habitam. Por outro, nunca produzimos tanta informação, tanto conhecimento, e nunca tivemos ao nosso dispor tantos recursos tecnológicos, com um potencial transformador quase ilimitado.

Competitividade. Os bons exemplos do Norte e da Madeira
O Norte de Portugal e o arquipélago da Madeira estão de parabéns! De acordo com o EU Regional Competitiveness Index 2022, da Comissão Europeia, divulgado recentemente, estas regiões estão no top 3 das que mais evoluíram na União Europeia desde 2019. O Norte ganhou 14 pontos neste indicador, ficando apenas atrás da região da capital da Lituânia. A Madeira surge logo a seguir, com mais 12 pontos.

O caminho para a equidade no acesso aos fundos para a ciência e inovação
De acordo com dados da Comissão Europeia, Portugal já recebeu cerca de 396 milhões de euros do programa-quadro Horizonte Europa, iniciado há dois anos. Não sendo estes números estratosféricos, são ainda assim interessantes. Sobretudo tendo em conta as crises que temos vindo a enfrentar.

Aviação Sustentável – o céu é o limite
Recentemente, uma famosa companhia aérea anunciou ter realizado um voo de testes bem-sucedido, no qual um dos seus aparelhos percorreu cerca de cem quilómetros alimentado a Combustível Sustentável para a Aviação (SAF). Tratando-se ainda de um pequeno passo, não deixa de ser um marco importante. Não apenas pela tecnologia utilizada, mas, sobretudo, pelo que diz sobre o esforço que está a ser feito por companhias e indústria aeronáutica em geral para se aproximarem rapidamente das metas de redução das emissões de dióxido de carbono.

Fundos europeus: a grande ilusão do "cumprimento"
Numa entrevista concedida ao Expresso, descrita por aquele jornal como uma "resposta aos críticos", a ministra da Presidência congratulou-se com a execução dos fundos europeus do Portugal 2030 e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), declarando: "Cumprimos exatamente o que devíamos ter cumprido".

Ambiente. "Vitórias" de fachada não resolvem os problemas
Na última sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, foi aprovado um projeto de resolução recomendando que os Estados-Membros abandonem o Tratado da Carta da Energia (TCE), assinado em Lisboa, em 1994, que vigora desde 1998 e abrange, entre os 53 signatários, países como Japão, Suíça e Cazaquistão. A votação foi entusiasticamente aplaudida pelos eurodeputados dos verdes e da esquerda, e posteriormente celebrada por estes nas redes sociais como uma "vitória" da causa ambiental e da luta contra os combustíveis fósseis.

Quando as ajudas estatais ameaçam o Mercado Comum
O novo pacote alemão de ajuda às empresas e aos consumidores afetados pela crise dos preços da energia, orçado em 200 mil milhões de euros, é um verdadeiro teste à resiliência do Mercado Comum Europeu. Antecipam-se tempos difíceis para a vice-presidente da Comissão Europeia, Margrethe Vestager, responsável pelo pelouro da Concorrência, a quem caberá decidir se este novo envelope de ajuda estatal, que se segue a vários outros que a Alemanha aprovou e tem vindo a executar desde o início da pandemia de covid-19, cumpre ou não as regras do jogo europeias.

Apoios à indústria. Copo meio cheio, copo meio vazio…
Há algumas semanas a Associação das Indústrias do Vidro de Embalagem (AIVE), representante de uma das principais fileiras de consumo intensivo de gás em Portugal, fez uma revelação inquietante que passou mais ou menos despercebida. Num comunicado, explicou que a pressão dos preços nos custos de produção está a tornar-se de tal forma insustentável que se corre o risco de ver condicionado o fornecimento de embalagens de vidro à indústria alimentar e de bebidas.

Do sucesso Horizonte Europa à desilusão dos fundos de gestão partilhada
Nas últimas semanas têm-se multiplicado as notícias sobre os fundos europeus. Algumas positivas. Outras - infelizmente a maioria - longe disso. Entre as primeiras, destaca-se a assinalável taxa de sucesso das candidaturas nacionais a projetos de investigação científica e desenvolvimento (I&D), no âmbito do programa-quadro Horizonte Europa. No extremo oposto estão o assumido atraso na concretização do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) e as deficiências na execução dos fundos europeus em geral.

O caminho para Portugal na solução europeia para o gás natural
O acordo alcançado no dia 26 de julho pelo Conselho extraordinário de ministros da Energia da UE, assumindo a meta geral de redução em 15% (até 7% no caso de Portugal) do consumo de gás entre 1 de agosto de 2022 e 31 de março de 2023, proposta pela Comissão Europeia, tem um grande significado, não apenas pelo que representa em termos de compromisso com a segurança energética dos europeus, mas também pelo que diz sobre a determinação dos Estados-membros em não cederem a pressões e chantagens da Rússia.

O que pode fazer por nós um Espaço Europeu de Inovação
Já aqui tenho escrito, a propósito dos benefícios que Portugal ainda não retira do reforço conseguido nas qualificações da sua população, sobre a dificuldade de transformar conhecimento em coesão, crescimento económico, mais e melhores empregos.

Acautelar as consequências das sanções à Rússia na sociedade europeia
A reação de Moscovo ao sexto pacote de sanções da União Europeia foi a esperada. A fazer fé na análise do Kremlin, parcialmente ecoada por alguns "analistas", o país não terá quaisquer dificuldades em encontrar novos compradores para o seu petróleo, enquanto os cidadãos europeus continuarão a sofrer com a escalada de preços da energia. Só faltou mesmo declarar-se que, no final de contas, a Rússia até saiu a ganhar com a decisão aprovada no Conselho Europeu extraordinário desta semana.

A guerra, a indústria e as nossas vidas
Imaginemos um casal normal, não muito diferente de uma qualquer família que conhecemos. Podemos chamar-lhes Luís e Isabel. Estão na meia-idade, com dois filhos já adultos e a começarem os seus próprios trajetos pessoais e profissionais. Têm um pequeno carro, que partilham nas deslocações diárias entre a casa e o trabalho. Nunca tiveram uma vida desafogada, mas com a saída dos filhos de casa passou a sobrar-lhes tempo e alguma margem financeira para se dedicarem mais um ao outro e se permitirem pequenos luxos, como uma ida ao cinema e a um restaurante.

O papel dos dados na construção da União Europeia da Saúde
O programa EU4Health, com um orçamento de 5,1 mil milhões de euros, no presente quadro financeiro plurianual, pode ser considerado uma gota de água no universo dos fundos europeus. Contudo, carrega em si mesmo uma enorme ambição, que se tornou mais viável na sequência da pandemia de covid-19: a construção de uma verdadeira União Europeia da Saúde.

Os jovens que se batem, mas não se matam
Hoje queria falar sobre o futuro. Sobre as nuvens da pandemia que dão claros sinais de se dissiparem. A perspetiva de retomarmos em breve as nossas vidas na sua plenitude. De olharmos em frente e começarmos a arregaçar as mangas para correspondermos àquilo que os nossos cidadãos esperam de nós, àquilo que as novas gerações nos exigem. Equidade. Acesso à saúde. Melhor Educação. Criação de emprego e de riqueza. O enorme potencial do digital. O combate às alterações climáticas, apostando na ciência e na inovação para servir as pessoas e o planeta, construindo um mundo mais seguro, com melhor qualidade de vida para todos os que o habitam.

Como transformar o conhecimento em coesão e crescimento
O tema do débil crescimento económico de Portugal, e de como virar a página de uma realidade que nos acompanha há muitos anos, tem estado muito presente nas últimas semanas. E por motivos válidos: por mais imaginosas teorias que alguns insistam em defender, é um facto que estamos a perder terreno no conjunto dos países da União Europeia, é um facto que estamos a ser ultrapassados por várias economias, nomeadamente do Leste da Europa, e é um facto que a grande maioria dos portugueses continuam a sentir na pele um contexto de baixos salários e escassas oportunidades.

Menos ruído, mais atos e razão
O ano novo começou com muita incerteza, entre informações contraditórias sobre a evolução da pandemia, anúncios de iminentes subidas nas taxas de juro e volatilidade nos mercados. Se o mês de janeiro, ainda que simbolicamente, representa para muitos uma mudança de ciclo, é natural que a apreensão esteja mais presente do que o otimismo nas projeções de 2022.

Como ganhar as pessoas para a transição verde
O abrupto fim da atividade da Central do Pego, e a polémica que se seguiu, puseram a nu um dos grandes desafios com que nos deparamos quando fazemos mudanças profundas num curto espaço de tempo: encontrar o equilíbrio certo entre avançar de forma decidida e evitar danos colaterais, sobretudo para as pessoas.
