Foram 800 milhões de euros de resultados consolidados no primeiro semestre das 18 empresas que compõem o PSI20, que representam um quebra homóloga de 57,5%, decisivamente influenciado por fatores como os custos com segurança de trabalhadores e clientes para manter o negócio a funcionar, imparidades, preço do petróleo, procura e preços em queda.
A análise da Maxyield, associação de pequenos acionistas, revela um primeiro semestre desastroso em todos os aspetos e antecipa um segundo semestre de imensas incógnitas e vulnerabilidade. Os efeitos da covid "afetarão de forma bastante diferenciada as várias sociedades em função da natureza e âmbito dos seus negócios", prevê a associação, que acredita que "o comportamento das cotações será condicionado por estes efeitos e dependerá decisivamente do contexto de lenta recuperação dos mercados bolsistas europeus".
Considerando que o PSI20 é "pouco representativo da economia portuguesa, pois sete sociedades (EDP, EDP Renováveis, Galp, Navigator, Altri, J. Martins e BCP), que representam 86% da capitalização bolsista no final de junho, têm grande parte da sua atividade internacionalizada", a Maxyiels considera "plausível um decoupling entre a economia nacional e o comportamento do PSI20", cuja evolução é mais aderente à trajetória dos índices europeus. Há ainda assim "muitas interrogações" face à evolução das cotações e "nuvens no horizonte" quanto à remuneração acionista relativamente ao exercício de 2020, avisa.
Indicadores em queda
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Na análise feita aos primeiros seis meses do ano, não há boa nova. Apesar de haver comportamentos muito distintos no que aos setores diz respeito -- Sonae, Jerónimo Martins, Nova Base e REN até conseguiram subir rendimentos --, o negativo supera os positivos, levando a um rendimento agregado das 18 sociedades do PSI20 que supera os 10%, num valor total de 31,6 mil milhões de euros. "O EBITDA deste universo empresarial sofreu no primeiro semestre uma diminuição homóloga de 14,4% atingindo 6,1 mil milhões."

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Quanto a resultados líquidos das empresas em foco, mesmo as que não chegaram a prejuízos (recorde para a Ibersol) tiveram fortes quebras nos lucros face ao período homólogo.

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"Esta quebra nos resultados líquidos, deve-se à redução generalizada do EBITDA, ao reconhecimento de imparidades / provisões pela Sonae SGPS , NOS e BCP associadas à pandemia e efeito do preço do petróleo relativamente à GALP. A EDP merece um destaque particular pelas razões que se discrimina: crescimento homólogo dos resultados líquidos no 1.ºT/2020, devido à influência do sell down da participação da sua subsidiária no parque eólico de Babilónia (Brasil) que influencia a consolidação de contas; diminuição homóloga dos resultados líquidos no 2.ºT/2020 em -44,6% refletidos nas contas consolidadas do grupo, esconde um prejuízo da EDP neste trimestre. A evolução da REN configura uma sociedade com um comportamento da cotação caracterizado por uma ação tipo obrigação", destaca a Maxyield.
A associação sublinha ainda que relativamente a 31/12/ 2019, a dívida líquida deste universo de sociedades, sofreu um crescimento de 2,6% passando de 33 504, 8 milhões para 34 361,9 milhões. "Registou-se uma inversão da trajetória descendente da divida liquida total observada no final do 1.º T. Isto deve-se aos níveis de CAPEX, remuneração acionista e timing da distribuição de dividendos, quando foi caso disso. Verifica-se que 41% desta divida líquida encontra-se refletida nas contas consolidadas da EDP."
Quebra no PSI chega a 15,8%
A associação de pequenos acionistas reforça ainda os valores perdidos pelas empresas do índice em valor do PSI20, que sofreu uma variação semestral de -15,8%, sendo que a evolução ocorrida nas cotações foi muito diferenciada, devido aos diferentes graus de exposição das empresas aos efeitos da pandemia. "Apenas as sociedades emitentes J. Martins, EDP, EDP Renováveis, Novabase e Pharol apresentam no 1ºS/ 2020 crescimento anual das suas cotações. As empresas com modelos de negócio mais expostos à pandemia, foram afetadas de forma muito intensa e com consequências mais severas designadamente BCP, CTT, GALP, Ibersol, Mota-Engil, Navigator, Semapa, Sonae Capital e Sonae -SGPS com diminuição das cotações superior a -30% no 1ºS /2020. As cotações do BCP e Sonae encontram-se muito abaixo do seu valor contabilístico, com amplitudes consideráveis. É de salientar o valor elevado do price book value apresentado pela J. Martins e CTT, destacando-se positivamente em relação às restantes sociedades cotadas."