Foram mais de 800 as empresas que marcaram presença no Centro de Congressos de Lisboa, na última quarta-feira, durante a 14.ª edição do Portugal Exportador, evento realizado conjuntamente pela Fundação AIP, Novo Banco e AICEP Portugal Global. Alemanha, Angola e Espanha foram os mercados a merecer destaque, numa edição que também colocou em evidência os setores do agroalimentar e da metalomecânica e sublinhou, desde o primeiro momento, a importância do e-commerce para o incremento da internacionalização da economia nacional.
Augusto Santos Silva , Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiro
“O grande desafio de hoje é como exportar no comércio digital”, afirmou Augusto Santos Silva ainda na sessão de abertura. O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sublinhou que este é um tipo de comércio cujo crescimento é maior fora do espaço europeu, pelo que a capacidade das empresas portuguesas ganharem espaço neste segmento é duplamente importante. “Se ganharmos a batalha do comércio digital, ganhamos a batalha da diversificação de mercados para fora do espaço europeu”, afirmou o governante.
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Também António Silva, administrador da AICEP Portugal Global, frisou a importância do comércio digital, sublinhando o caminho que os empresários portugueses ainda têm pela frente. “Portugal é dos países europeus em que menos se vende por e-commerce - tanto internamente como para exportação - e isto é algo que vai ser fatal”, alertou o responsável da AICEP Portugal Global.
António Silva, Administrador da AICEP Portugal Global
A necessidade de diversificar mercados - um dos calcanhares de Aquiles do processo de internacionalização das empresas portuguesas - foi diversas vezes referida na sessão de abertura, que contou com a presença de Jorge Rocha de Matos, presidente da Fundação AIP, António Ramalho, presidente executivo do Novo Banco e António Silva, administrador da AICEP Portugal Global. Em jeito de balanço, Jorge Rocha de Matos lembrou que, apesar do crescimento e desempenho positivo, as exportações estão ainda aquém dos objetivos traçados na Magna Carta da Competitividade, lançada pela AIP em 2003, a qual previa que as exportações tivessem em 2020 um peso de 50% no PIB nacional. Numa nota mais positiva, Rocha de Matos lembrou que nos anos da crise de 2008 e 2009 as exportações foram a única variável dinâmica do PIB : “O facto de as exportações representarem 44% do PIB é um bom indicador de que se atingiu um patamar superior de sustentabilidade da economia portuguesa.”
Jorge Rocha de Matos, Presidente da Fundação AIP
Brexit em análise
Além dos mercados e setores em destaque, mereceram atenção ao longo do dia fatores condicionantes das exportações nacionais como o previsível abrandamento da atividade económica nas principais economias mundiais ou as incertezas associadas ao brexit.
A saída do Reino Unido da União Europeia mereceu, aliás, um workshop específico que contou com a participação, entre outros, de Ana Paula Caliço Raposo, subdiretora-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, Marco Fernandes, CEO da PME Investimentos, e Ramiro Salgado, empresário e representante da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido.
Em análise estiveram não só iniciativas de apoio que vão da linha telefónica dedicada pela Autoridade Tributária à resposta de questões sobre o brexit, a linhas de financiamento como a Linha de Apoio a Empresas com Exposição ao brexit, lançada em 2018 para apoiar empresas sediadas em território português, e cujas trocas comerciais com o Reino Unido ultrapassem os 15% do seu volume de negócios.
E se é verdade que a 1 de janeiro de 2021 existirão mudanças inevitáveis - nomeadamente o fim da isenção de IVA sobre remessas de baixo valor -, a verdade é que o tom do debate foi claramente positivo.
“Por mais hard que seja o brexit, os benefícios deste mercado serão sempre superiores aos problemas”, diz Ramiro Salgado, para quem é claro que “o Reino Unido não quer nem pode ficar isolado do mundo e vai continuar a manter as suas relações comerciais com o exterior”.
O representante da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido salientou as mais-valias de um mercado altamente competitivo, onde propostas de produtos ou serviços que acrescentem valor e resolvam problemas existentes no mercado continuarão a ser bem-vindos.
Os números
No total, a 14.ª edição do Portugal Exportador contou com 1157 visitantes, um número que fica ligeiramente aquém do alcançado no ano passado, o que pode ser explicado pela eliminação da chamada zona free na edição deste ano.
A possibilidade de os empresários reunirem com web buyers - que teve início na edição de 2018 - voltou a revelar-se um sucesso, com 55 reuniões realizadas e vários pedidos registados para que haja um incremento desta ação em 2020.
Por seu turno, a iniciativa Meet the Leaders, uma novidade desta edição que promove reuniões B2B entre investidores e startups, foi, para os organizadores, uma “aposta ganha”, com a forte adesão a resultar em 53 reuniões.
Ao longo de todo o dia estiveram presentes 115 expositores, 122 oradores e foram realizados 11 workshops, sempre com a internacionalização das pequenas e médias empresas nacionais como pano de fundo. Para António Ramalho, “o Portugal Exportador faz parte de um ecossistema que nos últimos anos se tornou um sucesso coletivo”.