Cerca de dois terços dos trabalhadores pretende continuar em teletrabalho "no longo prazo" e quase 60% dos empregadores concorda com essa opção, diz um inquérito da plataforma portuguesa digital Fixando, que consultou cerca de 1300 empresas e trabalhadores inscritos na sua rede.
"No longo prazo, 65% dos trabalhadores prefere ficar a trabalhar a partir de casa, contra 20% que prefere ir para os seus locais de trabalho habituais", revela a rede que disponibiliza a contratação de "serviços locais", como catering, eletricistas, contabilistas, pintores, etc.
"Do lado dos empregadores, 59% acredita no teletrabalho a longo prazo como solução, contra 22% que não vê essa possibilidade com bons olhos", indica o mesmo estudo.
Segundo este trabalho, "patrões e trabalhadores estão em sintonia quanto à eficácia do teletrabalho, resultante da recente experiência imposta pelo confinamento da covid-19".
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O inquérito releva que "do lado dos patrões/empregadores, 45% diz que a produtividade e as receitas aumentam ; 31% discorda".
"Do lado dos trabalhadores, 55% sente-se mais produtivo e a gerar mais receitas a partir de casa", acrescenta a mesma fonte.
"Por outro lado, dos empregadores inquiridos, 75% defende que não devem regressar já ao trabalho normal, ou seja, que devem continuar em teletrabalho."
Os resultados da consulta adiantam ainda que, com o teletrabalho e o confinamento, "43% dos portugueses adquiriu hábitos mais sustentáveis, destacando-se a redução da utilização de transportes (48%), a redução de consumo de bens processados (31%) e um aumento no consumo de bens locais (28%)". "25% afirma que reduziu ou deixou mesmo de consumir bens não essenciais", diz a pesquisa.
Relativamente ao impacto económico do confinamento, "80% afirma que não vai ser fácil recuperar as perdas dos últimos dois meses, para aliviar a situação".
Um dos contabilistas inscrito nesta plataforma diz que uma das respostas à crise dos últimos dois meses é passar a "usar ferramentas de informática e de telecomunicações para melhor qualidade de vida”.
Outros profissionais pedem “apoios financeiros sem juros, nada de fundos perdidos, a não ser para os trabalhadores, mas dados às empresas diretamente, sem passar pelos bancos, com medidas leves de burocracia”.
Ou defendem apoios diretos aos trabalhadores independentes e pequenos negócios, "evitando apoiar a banca e o sistema financeiro”.
Inquérito oficial semanal. 58% das empresas mantém pessoal em teletrabalho
De acordo com o inquérito semanal do INE e do Banco de Portugal para acompanhamento da situação económica devido à pandemia, 58% das empresas mantinha pessoal em teletrabalho na última semana, quando ainda vigorava o estado de emergência.
Como escreveu o DV, o recurso ao teletrabalho prevalece nas grandes empresas e, como esperado, nos sectores menos dependentes de trabalho presencial e contactos pessoais como o sector da informação e comunicação, com uma percentagem de 84% dos quadros em teletrabalho.
No extremo oposto, alojamento e restauração registam apenas 35% de empresas com trabalhadores em atividade remota, e também as mais frequentes reduções de pessoal ao serviço.