O produto interno bruto (PIB) português registou um crescimento de 6,7% em 2022, o mais elevado desde de 1987, revelam as Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE). Como explica o instituto, "a procura interna apresentou um contributo positivo expressivo para a variação anual do PIB, mas inferior ao observado no ano anterior", sendo que abrandou o investimento e acelerou o consumo privado. Este valor fica, no entanto abaixo dos 6,8% que o Governo previa.
Já a procura externa aumentou - passou de negativa em 2021 a positiva em 2022 - e verificou-se o aumento em volume das exportações de bens e serviços. Já as importações desaceleraram.
Por trimestres e no que aos três últimos meses do ano passado diz respeito, o PIB registou um aumento homólogo de 3,1%, o que significa uma descida relativamente aos 4,9% do terceiro trimestre de 2022. O INE explica esta travagem com "uma desaceleração do consumo privado e uma redução do investimento".
Por seu turno, as exportações de bens e serviços em volume desaceleraram mais intensamente que as importações. Diz o INE que "no 4º trimestre de 2022, observou-se uma perda dos termos de troca em termos homólogos, mas menos intensa que as perdas observadas desde o 2º trimestre de 2021, em resultado da desaceleração mais pronunciada do deflator das importações que o das exportações".
Em comparação com o terceiro trimestre do ano passado, o PIB português aumentou 0,2% em volume (crescimento em cadeia de 0,4% no trimestre anterior). Uma quebra justificada pela diminuição do contributo positivo da procura interna para a variação em cadeia do PIB. No mesmo sentido, o contributo da procura externa líquida manteve-se ligeiramente negativo.
Fonte: Instituto Nacional de Estatística
Medina confiante
O ministro das Finanças disse que o crescimento de 6,7% em 2022, o maior em 35 anos, dá confiança sobre o andamento da economia este ano, admitindo que os resultados sejam melhores do que os projetados. Em declarações à Lusa, Fernando Medina afirmou que os dados de crescimento dão "mais confiança relativamente ao andamento do ano de 2023".
"O fecho do ano de 2022 sem recessão, sem queda da economia significa que teremos mais capacidade para podermos cumprir os objetivos relativamente ao ano de 2023", disse o ministro.
Destacando que em 2022 se registou "o maior crescimento económico em 35 anos", Fernando Medina recordou que Portugal é uma das seis economias das 12 da zona euro que já divulgaram resultados que apresenta resultados positivos.
"Significa isto que, na comparação internacional, nós fecharemos o ano de 2022 com uma taxa de crescimento que será sensivelmente o dobro do que se regista na zona euro, colocará Portugal como um país que no final de 2022 já recuperou bem dos níveis pré-pandemia. Por isso, estamos 2,6% acima dos níveis da pandemia de 2019, o que não acontece com outros países", salientou.
Escusando-se a antecipar uma nova projeção para 2023, o governante admitiu que o Governo irá atualizar as projeções no Programa de Estabilidade: "Só nessa altura iremos fazer novas avaliações relativamente ao que será o andamento da economia portuguesa", disse.
"Estes dados que saíram de 2022 dão-nos confiança de que os resultados em 2023 sejam melhores do que as nossas projeções. Isso é um dado muito importante neste momento. Passos seguros, passos consistentes", afirmou.
Fernando Medina destacou ainda os dados da execução orçamental divulgados na sexta-feira passada, considerando que "demonstram que estamos no bom caminho para fecharmos o ano de 2022 dentro das metas".
Isto é, segundo o governante, "um défice dentro do patamar 1,5%, abaixo de 1,5% do Produto [Interno Bruto], e uma dívida pública de 115% do Produto", o que, diz, "também é um elemento de confiança no país e fundamentalmente um elemento que nos dá mais capacidade para podermos responder às necessidades das famílias e empresas".
"Aliás, foi esta capacidade orçamental de resposta de apoio às famílias e ao tecido económico que também justifica os indicadores do produto no último trimestre do ano", defendeu, apontando para "um apoio importante e um papel importante na estabilização da procura interna no último trimestre e nesse desempenho da procura interna".
"Essa política orçamental foi possível porque tivemos uma política relativamente às contas públicas que nos permitiu ter a margem para transferir para as famílias mais do que foi o acréscimo das receitas de IVA. Transferimos para as famílias, para o sistema económico a totalidade da receita fiscal, que o Estado arrecadou face ao que tínhamos orçamentado e essa transferência teve um impacto significativo", explicou o governante.
Notícia atualizada ás 13.11 horas