- Comentar
O cenário é desolador para Portugal. No último trimestre de 2022, entre outubro e dezembro, as remunerações, incluindo subsídios e bónus mas descontando impostos e contribuições sociais, subiram apenas 1,1% face ao período homólogo do ano anterior, para o conjunto da economia. É o pior resultado da Zona Euro, que registou um crescimento médio de 5,1%, e da União Europeia a 27 com um incremento de 5,4% dos salários, segundo o relatório do Eurostat, publicado esta sexta-feira, sobre os custos nominais à hora com mão-de-obra.
Relacionados
Custo da mão-de-obra sobe 5,8% na UE no 4.º trimestre de 2022, Portugal com menor avanço em 1,1%
CGTP exige fixação de preços máximos nos bens essenciais e taxação de lucros

Analisando a evolução do aumento das remunerações em Portugal, verifica-se uma degradação substancial dos salários em termos homólogos. Se, entre outubro e dezembro de 2022, a variação foi de apenas 1,1%, no trimestre anterior, entre julho e setembro, os incrementos salariais atingiram os 4,4% por comparação com o mesmo período de 2021. E, entre abril e maio, o crescimento foi de 5,7%. É preciso recuar ao início de 2022 para alcançar um valor mais baixo (0,5%) face ao alcançado no final do ano passado (1,1%).
No pódio dos países que menos subiram as remunerações dos trabalhadores está, em primeiro lugar, Portugal (1,1%), seguido por Malta (2,8%) e Luxemburgo (3%).
Espanha sobe quatro vezes mais os ordenados face a Portugal
A nossa vizinha Espanha subiu os salários em 4,1% no último trimestre no ano em termos homólogos. É quase quatro vezes mais face ao crescimento apurado em Portugal (1,1%) pelo gabinete de Estatísticas da União Europeia (UE).
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Em sentido inverso, os maiores aumentos para o conjunto da economia registaram-se na Bulgária (16,5%), Lituânia (15,7%) e Hungria (14,9%). Outros quatro Estados-membros da UE registaram uma subida superior a 10%, nomeadamente: Roménia (11,2%), Eslovénia (10,8%), Polónia (10,2%) e Estónia (+10,1%).
Por área de atividade e olhando para o conjunto do espaço da moeda única, a despesa com salários no setor da construção foi a que mais subiu (6,5%). Nos serviços, o custo subiu 5,7% e, na indústria, o aumento foi de 3,9%.
Na UE, o comportamento foi semelhante: as remunerações subiram 6,5% na construção, 6% nos serviços e 4,6% na indústria.
Malta lidera subida de impostos e contribuições
Em relação ao peso dos impostos e contribuições no custo horário da mão-de-obra, Malta lidera com um aumento de 114,2%, no último trimestre do ano face ao mesmo período de 2021, ainda que o crescimento da componente salários e vencimento apenas tenha sido de apenas 2,8%, o segundo pior da UE. Irlanda (57%) e Eslovénia (15,3%) completam o ranking dos três Estados-membros em que os custos com impostos mais subiram.
Neste ponto, Portugal também registou um aumento muito ténue, de 1%, 0,1 pontos percentuais abaixo da subida, de 1,1% com remunerações. Em Espanha, apesar deste indicador ter sido superior (2,2%), o crescimento da componente relativa a vencimentos foi bem superior (4,1%).
Mas os países em que o custo com este fator mais caiu foram República Checa (-6,6%), Hungria (-2,9%) e Grécia (-2,6%).
Na Zona Euro, a despesa com impostos e contribuições subiu em média 7,7% e, na UE, 7,2%.