Atrasos, supressões e más condições. A CP é hoje uma empresa "com graves problemas", admite o ministro da Habitação e das Infraestruturas, e precisa de um "grande investimento" para voltar a encarrilar.
"A batalha que tenho de travar é conseguir o financiamento necessário para dar a volta à CP", afirmou Pedro Nuno Santos esta terça-feira no Parlamento.
O governante reconhece que a compra de 22 comboios, que chegarão em 2023, "não vai resolver o problema de curto prazo" da transportadora, que tem uma "infraestrutura ultrapassada e comboios com décadas e dificuldades de manutenção".
"Temos dezenas de comboios encostados. É uma das inquietações que eu tenho. Já conseguimos repor algumas composições, nomeadamente na Linha de Sintra onde há grave problemas supressões, num ano e meio. Ao longo de vários anos fomos decapitando a EMEF, que não tem capacidade para fazer face às necessidade da CP", assumiu o responsável, referindo-se à Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário.
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A base dos problemas das duas empresas são "a falta de pessoal e de capacidade nas oficinas", sublinhou o ministro, sendo este um "drama que temos de assumir e dar resposta".
"É preciso desesperadamente pegar no material circulante encostado. É imperdoável que um país que não é rico tenha material circulante encostado. E isso depende de contratarmos trabalhadores para a CP e para a EMEF", sublinhou.
Em reposta a questões dos deputados sobre a efetivação destas contratações, o ministro disse não ter resposta para dar.
"Estamos conscientes de que tem de haver recrutamento. É uma batalha conseguir convencer os colegas de que a CP precisa mesmo. A CP tem pedidos 88 colaboradores, dos quais 14 foram autorizados. A EMEF tem pedidos 57. Gostava de dizer que temos as contratações garantidas. Vamos bater-nos por elas. Admito essa dificuldade. Estamos a falar provavelmente de um investimento avultado", reconheceu Pedro Nuno Santos, sublinhando que o cenário é de "restrição orçamental".
O ministro defendeu ainda que a CP tem de se reger por dois princípios: "tem de ser uma empresa honesta, que não prometer o que não consegue cumprir. E tem de ser pontual, cumprir horários".
O ministro afirmou haver ainda motivo para questionar se "existe alguma razão para que a EMEF continue a ser uma empresa separada da CP. A EMEF é detida a 100% pela CP e "andam muitas vezes de costas voltadas", não havendo, segundo o ministro, uma "justificação forte para que as duas empresas estejam separadas".