“Se calhar, no futuro, vamos chegar à conclusão que o euro
foi um erro. Espero que não. E se acontecer, espero já estar reformado e que
esse debate caiba a outros”, garantiu hoje Paul Krugman.
Ao que Jorge Braga de Macedo, o moderador da cerimónia,
acrescentou: “E terá certamente uma casa cá em Portugal”, provocando o
riso geral da audiência.
Para Krugman, “dificilmente Portugal regressará aos mercados
em 2013. Faltam 19 meses. Até lá, os
principais eventos serão uma recessão europeia e, eventualmente, a Grécia sairá
do euro. Penso que é altamente implausível”
O Nobel Paul Krugman, que passou por Portugal para receber o título de doutor honoris causa por três universidades de Lisboa, disse que Portugal não tem de reduzir salários até ao nível da China. Segundo o economista, a inflação tem um papel importante neste movimento.
Mas o nível de salários face a Alemanha é desajustado, acrescenta o economista. “O problema de Portugal é que há umas pessoas na Alemanha que querem moralizar. Quando olhamos para a situação em Espanha vemos que a atitude da Alemanha é um completo disparate. Em relação a Portugal é um meio disparate”.
Ainda assim, os salário devem ser reduzidos: “Não é bom, mas é o que tem de acontecer […] infelizmente Portugal tem um défice comercial muito elevado.”
Mas o economista voltou a sublinhar que o país deve parar de olhar para a austeridade como único caminho a seguir.
Krugman fez ainda um desenho geral da crise e falou especificamente de Espanha e Itália, sublinhando que Itália escondeu o défice, enquanto Espanha apresentou um excedente. Para o Nobel, Portugal é mais semelhante a Espanha.