- Comentar
A retoma de Portugal em 2021 deverá ser lenta, mas o País corre riscos reduzidos de cair novamente numa crise bancária ou soberana graças à proteção do Banco Central Europeu (BCE) e dos apoios da União Europeia, diz a Economist Intelligence Unit (EIU).
Relacionados
Costa negoceia plano B para fazer a ponte até vir a bazuca da UE
Lagarde: já salvámos um milhão de empregos, mas temos de injetar mais dinheiro barato
Portugal no grupo dos campeões do corte do défice e da dívida já em 2021
"A atual crise de saúde pública vai conduzir a uma contração substancial do produto interno bruto (PIB) real de pelo menos 8% em 2020" e no ano que vem a economia portuguesa vai sentir o "impacto duradouro do coronavírus no turismo, um risco negativo que impedirá uma recuperação rápida", dizem os economistas no mais recente outlook (panorama) da unidade de investigação económica da conhecida revista The Economist.
Em todo o caso, apesar dos problemas estruturais da economia nacional, a EIU diz que "as medidas de política europeia irão limitar o risco de uma crise bancária ou soberana".
Por exemplo, neste novo outlook, a EIU assume que o BCE vai manter a taxa de juro de referência da zona euro em 0% até 2025, pelo menos.
"Portugal está a ser afetado por uma recessão económica acentuada e as suas finanças públicas estão a deteriorar-se rapidamente. No entanto, o apoio do BCE está a manter os custos de financiamento em mínimos históricos", observam os mesmos peritos.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
"O panorama político estável, à luz dos standards das economias do sul da Europa, serve de apoio ao rating", acrescentam.
Avisos da Moody's, mas outlook continua positivo desde agosto de 2019
Por exemplo, ontem, a Moody's veio a público fazer alguns avisos a Portugal e a outras economias europeias ditas mais frágeis, mas também é um facto que o rating português é dos poucos no mundo que mantém um outlook positivo.
Assim é desde agosto do ano passado, apesar da agência de rating já ter tido duas oportunidades para mexer na nota da dívida nacional. Não o fez, deixou tudo na mesma em 17 de janeiro e 17 de julho deste ano (as datas em que Portugal estava na lista para ser reavaliado).
No novo estudo, a Moody's refere que "economias como Grécia, Portugal ou Itália, em que as pequenas empresas representam uma grande parte do PIB e do emprego, vão sofrer uma destruição económica maior, dadas as almofadas mais baixas das empresas pequenas, alternativas de financiamento mais reduzidas e horizontes mais curtos".
EIU: "Quando a pandemia acabar, a austeridade não será opção credível"
Os avisos da EIU são nessa linha, mas a equipa do grupo The Economist mostra ter uma visão relativamente benigna do futuro, dando relevo ao papel protetor do BCE, como já foi referido.
"Os governos estão demasiado ocupados a gerir a pandemia para se preocuparem com os défices orçamentais, mas o aumento da dívida terá de ser eventualmente resolvido", refere a unidade de investigação.
"Quando a pandemia acabar, a austeridade não será uma opção credível. Os cortes na despesa exigem uma enorme quantidade de capital político" e "além disso, a pandemia mostrou que anos de subinvestimento nos serviços públicos (como saúde) têm consequências graves".
"Do lado da receita, é possível aumentar impostos, mas isso não será suficiente para reduzir de forma significativa os défices."
Os risco de incumprimento soberano (bancarrota dos Estados e incapacidade de pagar aos credores) existe em teoria, mas a EIU aparentemente exclui Portugal do rol.
"O risco de incumprimento parece maior nalgumas economias mais fracas do sul da Europa, como Itália ou Espanha", mas "na pior das hipóteses, há poucas hipóteses de que o Banco Central Europeu venha a deixar cair esses países da zona do euro, sem vir em seu socorro", acreditam os peritos da The Economist.

© The Economist Intelligence Unit