O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que Portugal poderá volta a perder o acesso aos mercados se não fizer reformas significativas, levantando assim o fantasma de um novo resgate.
"Baixo crescimento, a ausência da reforma da despesa pública e bancos frágeis poderão levar à perda de acesso ao mercado, mesmo perante pequenos choques", lê-se no relatório da quarta avaliação pós-programa a Portugal, divulgado esta quinta-feira.
O FMI não tem dúvidas de que "mesmo na ausência de qualquer desafio imediato, o fracasso em enfrentar estas fragilidades pode pôr numa trajetória de médio prazo insustentável e deixar o país vulnerável a choques".
Repetindo muitas das críticas e recomendações que tem feito a Portugal desde o fim do programa de "ajustamento", o relatório hoje divulgado aponta três grandes "fraquezas" ao país: o sistema financeiro, que se depara com nível elevado de crédito malparado, as finanças públicas e o cenário macroeconómico".
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“Problemas que surjam em alguma destas áreas podem produzir impactos nas outras, conduzindo potencialmente a um efeito de espiral”, avisa o FMI.
Depois de salientar que Portugal só se tem conseguido financiar no mercado devido à à política monetária do BCE, a instituição presidida por Christine Lagarde chama a atenção para o facto das taxas de juros continuarem baixas por causa da perceção de que o banco central irá prolongar o seu programa de estímulos.
Nesse sentido, o governo português terá de "reforçar o quadro da política macroeconómica para garantir um acesso duradouro ao financiamento assim que a política monetária seja normalizada".
O Fundo manifesta ainda a sua preocupação na reação dos mercados a uma eventual deterioração da dinâmica da dívida pública. "Qualquer desenvolvimento que piore a dinâmica da dívida pública pode desencadear uma mudança repentina no sentimento do mercado
"Poderá haver derrapagens orçamentais em resultado da reversão de algumas medidas ou de um macrochoque, ou a contabilização de grandes passivos, incluindo do sistema financeiro", refere o relatório, que aponta ainda o impacto negativo em espiral que poderá decorrer de uma revisão em baixa das previsões dos principais indicadores macroeconómicos.
A economia manteve o abrandamento iniciado a partir da segunda metade de 2015 e sem novas medidas as metas orçamentais não poderão ser atingidas, avisam os técnicos do FMI, que mantém a previsão de um crescimento de 1% este ano, com o défice público estimado em 3% do PIB.
(Notícia atualizada com informação do BCE e dívida pública)