Fundo de emergência para uma vida tranquila

Não há como fugir aos imprevistos, mas há como estar preparado. E criar um fundo de emergência é a melhor forma.

Se ficasse sem emprego amanhã, o dinheiro que tem de parte permitir-lhe-ia assegurar o pagamento das suas despesas durante quanto tempo? Se esta reflexão lhe causa ansiedade, está na hora de criar um fundo de emergência.

Um fundo de emergência é, como o nome indica, uma reserva financeira que permite dar resposta a situações imprevistas. Pode servir para resolver situações de menor gravidade, como um arranjo do carro ou uma reparação em casa, mas também pode ser uma proteção em caso de doença ou de desemprego.

Pode confundir-se facilmente com uma poupança, mas difere no propósito. “Uma poupança normalmente é associada a coisas boas e tem um objetivo concreto, como pagar os estudos ou fazer uma viagem. Um fundo de emergência é para fazer face aos chamados azares.” Quem o diz é Ana R. Bravo, especialista em economia doméstica e autora do livro ABC da Poupança.

Mais longe vai João Barbosa, administrador da Reorganiza, que atua nas áreas da renegociação de crédito e da poupança, que sublinha a necessidade de garantir a independência financeira. “As famílias portuguesas tendem a não ter dinheiro de parte para alguma eventualidade. E muitos dos casos de endividamento grave foram resultado desta ausência de poupança.”

Ana Bravo considera os portugueses pouco previdentes: “Somos muito esperançosos e achamos sempre que tudo se vai resolver.” Mas é preciso contrariar esta ideia e começar a encarar o dinheiro de forma diferente.

Para começar o seu fundo de emergência, o mais importante é apurar as despesas mensais obrigatórias, ou seja, “as contas que têm de ser pagas para sobreviver”, diz Ana Bravo. Nesta categoria inserem-se a renda de casa ou a prestação do crédito à habitação, as contas da luz, da água e do gás, outros créditos, seguros, alimentação e higiene. Devem ser consideradas apenas as despesas essenciais: “Numa situação de emergência temos de repensar os hábitos.”

Depois é somar as despesas e multiplicar o valor pelo número de meses que se quer assegurar. Mas neste aspeto há variações. Ana Bravo aconselha a contemplar seis meses, sendo que “o ideal seria um ano”. João Barbosa diz que o consenso anda em torno dos três a seis meses e que é preciso ter em conta aspetos como “a estabilidade profissional e o respetivo risco de desemprego e a estrutura da receita”, ou seja, se o rendimento mensal é ou não variável. Além disso, o especialista em finanças pessoais aconselha a “reforçar o fundo em períodos de maior instabilidade económica”.

É lógico que quanto mais meses de despesa o fundo permitir assegurar, mais confortável é a situação. Mas não conseguir cobrir estes valores não é motivo para não construir um fundo. “Muitas vezes partimos derrotados. Nem que seja um ou dois euros, é sempre possível poupar. O importante é criar hábitos”, diz.

Ana Bravo reforça a importância de definir um objetivo e, “mais depressa ou mais devagar, trabalhar para conquistar tranquilidade”. O fundamental é mesmo começar: “O impacto psicológico de ver o dinheiro a aumentar é muito superior ao de ver uma dívida a diminuir. E o entusiasmo é um trampolim para fazer melhor.” Além disso, constituir um fundo de emergência é uma forma de garantir “liberdade e tranquilidade”, frisa João Barbosa.

Importa também escolher onde guardar este dinheiro. Se o quiser no banco, escolha um produto de resgate fácil, de baixo risco e de preferência com juros que vençam mensalmente - quando retirar o dinheiro só perde os juros do mês anterior. Os depósito a prazo que paguem juros próximos da taxa de inflação e os certificados de aforro, que enquanto não precisar do dinheiro vão acumulando prémios de permanência, são boas opções.

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