Horta Osório: "Temos um problema claro de crescimento e de ambição"

O banqueiro e 'chairman' do Credit Suisse alertou ainda para o elevado nível de endividamento do país e defendeu que a redução da dívida deve ser uma prioridade.

O banqueiro português António Horta Osório afirmou esta quinta-feira que a economia portuguesa tem um "problema" de crescimento e que os portugueses deveriam ter mais ambição.

Numa intervenção na conferência sobre 'Banca do Futuro', organizada pelo Jornal de Negócios, o banqueiro questionou: "Estamos satisfeitos que o país não cresce?"

Temos um problema claro de crescimento e de ambição da sociedade portuguesa", disse o 'chairman' do Credit Suisse.

Apontou o facto de que em Portugal o salário médio líquido mensal ronda os 1000 euros e deu o exemplo da Irlanda que "cresce 5% ao ano" e cujo salário médio líquido é o dobro do praticado em Portugal. Indicou que, em 20 anos, os irlandeses duplicaram o salário médio por pessoa.

Horta Osório alertou ainda para o facto de que, em Portugal, "temos uma dívida demasiado elevada". Sublinhou que o nível de dívida pública subiu com a crise provocada pelas medidas adotadas na gestão da pandemia mas que agora deve ser reduzida, antes que comecem a subir as taxas de juro.

Apontou que se Portugal tem uma dívida pública da ordem dos 130% do Produto Interno Bruto (PIB), se as taxas de juro subirem para 2%, o custo da dívida aumentará 5 mil milhões de euros. "É uma prioridade importante reduzir a dívida", apelou.

Defendeu ainda que "a sociedade portuguesa tem que discutir como o dinheiro público é alocado".

Questionou se "estamos a alocar o dinheiro que é público para as prioridades corretas" e se o país está a alocar fundos públicos "para despesas correntes ou investimento", concluindo que o dinheiro está a ir mais para despesas correntes.

Riscos no horizonte

Horta Osório considerou que a "pandemia está razoavelmente controlada", sendo "um custo" que se vai manter, mas "não é isso que vai parar o crescimento económico".

Para o banqueiro, o maior risco é a interrupção das cadeias de produção, o aumento do custo da energia, o aumento generalizado dos preços e as expectativas de um aumento da inflação.

Alertou que se as taxas de juro começam a subir antes de as economias baixarem as dívidas, essa sim, será " maior ameaça, economicamente".

Segundo Horta Osório, a probabilidade de esses riscos se materializarem é "bastante significativa". "Vejo com apreensão que maioria dos bancos centrais continuem a dizer que isto vai passar" e que é uma situação temporária, afirmou.

Indicou que o mais importante será estar atento às "expectativas que os mercados vão começar a formar sobre a inflação".

O banqueiro apontou que os últimos indicadores indicam "é que o temporário seja menos temporário do que os bancos centrais pensam".

Atualizada às 17H32 com mais informação

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