INE confirma maior crescimento da economia em 17 anos

Investimento sobe 9%, melhor marca de duas décadas. Exportações avançam 7,9%, mas importações também. Consumo estável nos 2,2%.

A economia cresceu 2,7% em termos reais no ano passado, o maior ritmo desde o ano 2000 (17 anos), confirmou o Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quarta-feira. Esta marca supera a maioria das previsões mais recentes, incluindo a do governo, que apontavam para 2,6%.

O INE diz que as importações e as exportações cresceram quase 8% no ano passado. A forte aceleração das compras ao estrangeiro estará relacionada com a compra muito mais intensa de bens de investimento como máquinas e veículos e com o consumo final de bens duradouros, como ainda foi o caso dos automóveis em 2017.

Em compensação, houve bastante mais investimento (que se reflete parcialmente em importações) e o turismo continuou a sua "notável" expansão, como já adjetivou o Banco de Portugal, puxando bem pelas exportações.

O PIB nominal anual, a riqueza produzida pelos residentes no território, ascendeu assim a 193 mil milhões de euros em 2017, acima dos 185,2 mil milhões do ano precedente.

Procura interna explica tudo

Segundo o instituto, a procura interna explica a totalidade do avanço da economia em 2017 e não fosse esta dinâmica doméstica o resultado final de 2,7% não teria sido alcançado porque a procura externa líquida roubou 0,2 pontos percentuais à expansão do produto interno bruto (PIB) do ano passado.

Isto acontece porque apesar de as exportações terem crescimento o mesmo que as importações, estas últimas são muito maiores em dimensão (87,6 mil milhões de euros em importações contra 83,4 mil milhões de vendas ao exterior).

Investimento

O INE refere que "o contributo da procura interna para a variação do PIB aumentou para 2,9 p.p. (1,6 p.p. em 2016), devido sobretudo à aceleração do investimento".

O investimento total cresceu 8,4% (9% se não contarmos com o efeito de depreciação da variação de existências), a melhor marca em quase 20 anos (desde 1997), puxado pelo reaparecimento da construção (disparou mais de 9% depois de ter estagnado em 2016), pelas aquisições de máquinas, que subiram 13%, e de veículos (14,1%).

O investimento em construção obteve o maior crescimento de duas décadas em 2017, mas em valor ainda está mais ou menos ao nível de 2012, estava o País a mergulhar numa crise histórica no âmbito do ajustamento da troika e do governo PSD-CDS.

Consumo

As famílias residentes no território português, estrangeiros incluídos, também deram uma ajuda importante, tendo o consumo privado subido 2,2% em 2017 (2,1% em 2016).

As despesas de consumo final das famílias residentes em bens não duradouros e serviços aceleraram para 1,8% (1,1% em 2016) e os gastos com bens duradouros avançaram 6% (11,7% em 2016), diz o INE.

Sem o turismo, tinha corrido pior

Já a procura externa líquida (exportações menos importações) "registou um contributo negativo de 0,2 p.p. (contributo nulo em 2016), observando-se uma aceleração das exportações ligeiramente menos intensa que a das importações de bens e serviços".

Em termos nominais, diz o INE, o saldo externo de bens e serviços aguentou-se em proporção do PIB. Representou 1% do PIB, ligeiramente menos que os 1,1% de 2016.

Apesar do forte avanço das importações (7,9%), muito ligado aos custos da energia e à dependência tecnológica da economia portuguesa, as exportações conseguiram acompanhar e também cresceram o mesmo (7,9% em 2017 contra 4,4% no ano anterior).

Assim foi porque as exportações de bens aceleraram de 4,5% em 2016 para 6,8% e as exportações de serviços de 4,3% para 10,9% em 2017, "destacando-se em particular o forte crescimento das exportações de turismo", confirma o INE.

Dinâmica intranual

O instituto mostra ainda que ao longo de 2017, o consumo privado manteve um ritmo relativamente estável, a crescer na casa dos 2% entre o primeiro e o último trimestre.

Já o investimento teve alguns altos e baixos. Começou o ano a crescer 7,4% e acelerou até 10% e 10,3% nos dois trimestres seguintes, mas depois arrefeceu para 5,9% nos últimos três meses do ano passado.

As importações também terminaram o ano a abrandar de 8,4% no terceiro trimestre para 6,9% no quarto. Já as exportações estavam a ganhar força, acelerando de 6,2% para 7,2% no período em análise.

(atualizado às 13h00 com mais informações do estudo do INE)

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