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O atual cenário económico está a impactar os hábitos de compras natalícias dos portugueses. De acordo com estudo sobre Economia Circular e o Comportamento do Consumidor nas Compras do Natal, que inquiriu 807 pessoas residentes em Portugal, 37,2% declara que vai comprar prendas mais baratas que no ano passado. A taxa de inflação (65,9%) e o aumento das taxas de juro (65,1%), são os fatores que estão a influenciar a tomada de decisão dos consumidores.
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Ainda segundo o relatório, elaborado em parceria pelo Centro de Investigação em Ciências Empresariais e Turismo da Fundação Consuelo Vieira da Costa, e pelo ISAG - European Business School, do total de inquiridos, 24,5% vai optar por comprar menos presentes ou mesmo decidir por adquirir artigos em promoção (13,8%).
Já os que decidiram não dar qualquer prenda este Natal rondam os 2,9% e os que vão oferecer produtos de "marca branca" ficam-se pelos 2,7%.
O número de presentes a oferecer ronda os 10 (em média) e a previsão de gasto médio nestas ofertas não chega aos 240 euros (239,06 euros, mais precisamente).
Para as decorações de Natal, a previsão é de gastar 26,30 euros e para a ceia e almoço natalícios será de 108,02 euros. Já para passeios e lazer, a despesa rondará os 75 euros.
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A grande maioria dos participantes do estudo - 87,9% - garante que vai comprar artigos que tenham na sua composição materiais reciclados. Destes, 53,8% declara que a sua preocupação é o ambiente e 21,4% aponta razões económicas.
Ainda neste âmbito, 79,4% revela a possibilidade de comprar produtos reciclados ou reutilizados. Assim como optar por produtos em segunda mão se revela uma boa escolha para 58% dos inquiridos, também comprar artigos com algum defeito, mas que não inviabiliza a utilização é uma probabilidade para 41,5% destas pessoas.
No entanto - e apesar desta demonstração de preocupação ambiental - segundo o estudo 62,3% dos participantes indicou nunca ter ouvido falar sobre o conceito de Economia Circular. "Aos respondentes que afirmaram já ter ouvido falar sobre Economia Circular, 32,2% definiram o conceito como sendo uma economia capaz de se regenerar, 27,0% indicaram ser um modelo de produção e consumo mais sustentável e 11,2% associaram ao Reduzir-Reutilizar-Reciclar", referem os autores do documento.
Para os que já ouviram falar de Economia Circular, cerca de 84% declara que esta contribui positivamente para a sociedade, e 82,2% declaram que aumenta a consciencialização da sociedade para a questão da sustentabilidade, além de ter um papel preponderante para a educação ambiental dos mais jovens (81,6%) e contribuir para a melhoria da saúde pública (80,6%).
Ainda dentro dos que conhecem o conceito de Economia Circular, "79,3% consideram que os produtos com garantia de devolução e/ou troca encabeçam a lista de produtos mais frequentemente adquiridos, seguidos dos produtos com eficiência energética elevada, nomeadamente com certificação A+++ (70,7%)", revela o estudo. E em termos de práticas, "44,7% destacam a partilha de bens próprios com outras pessoas, e 20,4% evidenciam a habitação partilhada como os comportamentos mais frequentes dentro deste grupo de inquiridos".
Conforme dizem Elvira Vieira e Ana Pinto Borges, " "é uma conclusão pertinente observar que, apesar de existir uma maioria significativa de inquiridos que afirma não conhecer o conceito de Economia Circular, grande parte das pessoas acaba por demonstrar predisposição para colocar em prática algum dos seus pressupostos, ao assumir abertura para adquirir produtos reciclados, compostos por componentes reciclados ou mesmo em segunda mão".
De acordo com as coordenadoras científicas do CICET-FCVC e Professoras do ISAG-EBS, "embora com um impacto muito direto da conjuntura económica e financeira do país, com influência direta no aumento do custo de vida generalizado, os portugueses aparentam estar mais abertos a contribuir positivamente para um estilo de vida mais sustentável".