Inovação têxtil nacional premiada na Alemanha

Projetos da Têxteis Penedo e Sedacor, da Tintex e da Universidade da Beira Interior distinguidos em Frankfurt. Três dos sete Techtextil Innovation Awards são portugueses

A inovação têxtil nacional foi esta terça-feira distinguida com três prémios no arranque de mais uma edição da Techtextil, a mais importante feira de têxteis técnicos a nível mundial. Dos sete Techtextil Innovation Awards, três foram conquistados por projetos portugueses. "A nossa tarefa fica facilitada quando aparecem produtos como o fio revestido a cortiça. Não só se trata de um produto natural, que acrescenta propriedades de isolamento e térmicas ao fio, como é um magnífico exemplo de economia circular, pois aproveita desperdícios da indústria de cortiça, e um belo caso de investigação", destacou o presidente do júri.

Jan Delperre referia-se ao cork-a-tex yarn, o fio de algodão revestido com aditivos de cortiça desenvolvido em parceria pela Têxteis Penedo e pela Sedacor, com o apoio do Citeve e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Um projeto que representa um investimento conjunto das duas empresas de mais de dois milhões de euros e que levou já à instalação de uma fábrica que deverá lançar para o mercado, já no segundo semestre do ano, deste novo produto, altamente cobiçado até por gigantes da moda mundial. E que está já devidamente patenteado, como sublinha Agostinho Afonso, administrador da Têxteis Penedo. Xavier Leite, também da administração da têxtil, reconhece que esta é uma "distinção gratificante e que muito nos orgulha a todos".

Outro dos premiados foi a Tintex, com o Picasso, o sistema de tingimento sem químicos, com recurso a extratos de plantas e cogumelos, criado com o apoio do CENti e do Citeve, e das empresas Ervital e Bioinvitro, e que está em fase pré-industrial. Ao usar substratos naturais, este novo sistema, que está devidamente patenteado, permite o tingimento de fibras a temperaturas mais baixas, com menos consumos de água e de energia. "Estamos muito orgulhosos. Os Techtextil Innovation Awards são os prémios mais relevantes na área técnica e esta distinção faz-nos pensar que estamos a fazer a coisa certa no momento certo. E dá-nos força para continuarmos, apesar dos constrangimentos", disse ao Dinheiro Vivo a diretora de sustentabilidade da Tintex, Ana Silva.

O terceiro prémio para projetos portugueses foi para o E-Caption 2.0, o casaco inteligente desenvolvido pela Universidade da Beira Interior em colaboração com o Instituto de Telecomunicações de Aveiro. Servindo como equipamento de proteção individual, este é um casaco que se destina a ser usado pelos técnicos que fazem a manutenção das torres de telecomunicações, alertando-os sobre a exposição ao nível de radiação, já que se acende um LED se o nível de radiação eletromagnética captada pela antena for acima do permitido pela legislação. A malha utilizada no casaco foi desenvolvida em parceria com a empresa Borgstena Textile Portugal, tendo em vista a futura produção industrial de antenas têxteis.

Portugal marca presença na Techtexil pelo 18º ano consecutivo, mas esta é a primeira vez que empresas nacionais veem os seus produtos premiados. Os restantes galardões foram arrecadados por três projetos alemães e um de consórcio belga-germano-dinamarquês. "É um enorme orgulho e significa que temos seguido o caminho certo. A nossa indústria chegou ao top da inovação a nível mundial e isso é reconhecido internacionalmente", diz o diretor-geral do Citeve, Braz Costa.

A Techtextil, que sexta-feira termina em Frankfurt, conta com 27 empresas portuguesas que amanhã serão visitadas pelo secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, e pelo Embaixador de Portugal em Berlim, João Mira Gomes.

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