Portugal vai viver um período de forte expansão do sector da construção nos próximos três anos, diz o Instituto de Investigação Económica (Ifo, no acrónimo alemão), sedeado em Munique.
O aumento previsto de 15% entre início de 2018 e final de 2020 será o quinto mais forte da Europa (um grupo de 19 países), calcula o Ifo/Euroconstruct. O momento mais favorável do sector parece já ter começado, inclusive.
"O volume de construção dos 19 países da zona euro aumentará 3,5% este ano", naquela que "é a taxa de crescimento mais forte observada na Europa desde 2006 ou antes do início da crise financeira", diz o estudo coordenado por Ludwig Dorffmeister, perito do grupo de pesquisa Euroconstruct, uma rede de investigação que fornece informação e previsões sobre os mercados europeus de construção e engenharia.
Portugal em alta depois da crise profunda
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Nas projeções de crescimento a três anos, de 2018 a 2020, a Hungria lidera com uma expansão de 33%, "seguida por Irlanda (28%), Polónia (25%), República Checa e Portugal (15%)", refere a mesma fonte.
Portugal terá um boom até 2020, mas é preciso recordar que a base de partida é bastante baixa. O sector sofreu uma recessão muito profunda que se iniciou em 2002 e só terminou efetivamente em meados do ano passado (análise às taxas de variação do valor acrescentado sectorial medido a preços constantes, dados do INE).
A preços correntes, o sector português terá perdido quase 40% do seu valor nos últimos dez anos, arrastado pela crise, pela austeridade, pela subida do desemprego e pela rarefação do crédito desde 2007.
Em Portugal, o sector emprega cerca de 295 mil pessoas (3º trimestre de 2017, INE), mais 3,7% do que há um ano. As atividades imobiliárias empregam outros 39 mil trabalhadores, número que representa um aumento homólogo significativo, de 19%.
O crescente protagonismo da componente engenharia civil em detrimento da construção pura tem uma explicação. A força crescente da reabilitação urbana, dos centros das cidades, está muito sincronizada com outro boom: o do turismo. Veja-se o caso de Porto e Lisboa.
O Ifo é o membro alemão desta rede. Portugal está representado através do Instituto Técnico para a Indústria da Construção (ITIC).
O estudo do Euroconstruct incide sobre os seguintes países: Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Irlanda, Itália, Holanda, Noruega, Áustria, Polónia, Portugal, Suécia, Suíça, Eslováquia, Espanha, República Checa e Hungria.
Uma recuperação europeia
Dorffmeister refere que "a construção recuperou este ano em todos os 19 países membros da Euroconstruct, estando o segmento residencial a dar o estímulo mais forte".
Os primeiros sinais de retoma no sector (a nível europeu) estão a ser sentidos desde 2014, refere a mesma fonte.
O mesmo trabalho indica que "que esta situação deve continuar, com o volume de construção a crescer 6% até 2020".
"Além dos subsídios estatais para construção residencial, o uso mais consistente dos fundos da União Europeia para a construção não residencial também desempenhará um papel importante."
"Na construção residencial e noutros segmentos, as taxas de crescimento do mercado enfraquecerão consideravelmente, enquanto a engenharia civil passa a ser o motor do mercado no médio prazo", observa Dorffmeister.
"O segmento da engenharia civil crescerá mais de 4% em 2018 e 2019, respetivamente. "Isso também não tem precedentes", acrescentou.
"Em 2020, a remodelação dos edifícios existentes crescerá com mais força do que a nova construção pela primeira vez desde 2014".