O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio2020 coloca um problema em relação à aldeia olímpica, um empreendimento que seria reconvertido em apartamentos, alguns dos quais já vendidos, o que deixa os promotores numa incógnita.
As infraestruturas concebidas para a aldeia olímpica incluem 23 torres, com capacidade para 18.000 camas e deveriam durante os Jogos Olímpicos albergar cerca de 11.000 atletas de todo o mundo.
Após o período estimado para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a aldeia -- num quarteirão emblemático que espelha um estilo de vida urbano -, seria reconvertida em 4.000 apartamentos, alguns dos quais a chegarem aos 170 milhões de ienes (1,4 milhões de euros).
Com cerca de 900 apartamentos já vendidos, o adiamento dos Jogos para 2021, cuja decisão foi conhecida na terça-feira, deixa os compradores perante um cenário de incerteza, segundo explicou a diretora da imobiliária Tokyo Property Central, Zoe Ward.
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"Mesmo admitindo que não têm perdas financeiras, é um grande transtorno para eles ", disse a responsável imobiliária, admitindo que exista um vazio legal nos contratos e que, em último caso, se aplicam cláusulas de "desastres naturais".
A compra pressupõe à partida um depósito na ordem dos cinco por cento do valor da propriedade.
Para Tomohiro Maquino, especialista no mercado imobiliário, este cenário pode trazer uma dupla penalização aos promotores: "a queda do mercado financeiro em geral e os problemas de imagem associados à aldeia olímpica".
"Existe um risco de baixa nos preços. Ao desvanecer todo o entusiasmo e expectativa em redor dos Jogos, a questão pode ficar séria do lado de quem vende, em que, para já, se debatem com a possibilidade de cancelamentos, o que é crítico", disse.
O mesmo responsável pensa que os compradores estarão protegidos por cláusula de "força maior", mas a questão passa agora por evitar a má publicidade, tendo especialmente em conta em que ainda precisam de vender três quartos dos apartamentos.
O projeto de 18 hectares oferece diferentes vistas sobre a baía de Tóquio, com os seus arranha-céus, e prevê contar com escolas, parque de diversões, piscina e ginásios no empreendimento, com áreas de apartamento em média superiores às existentes na cidade.
Até agora, o Japão registou 1.905 casos de infeção pelo novo coronavírus, entre os quais 712 do cruzeiro Diamond Princess, assim como 53 mortos, dez dos quais passageiros do navio.