- Comentar
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, admitiu, esta terça-feira durante uma audição no Parlamento, que só em 2025 as taxas de juro deverão baixar para níveis próximos de 2%, afirmando que "a inflação já está demasiada alta há demasiado tempo".
Relacionados
Centeno faz balanço positivo das moratórias de crédito concedidas em 2021
Centeno espera que não exista "vazio de oferta" de créditos à taxa fixa
Centeno defende que sinergias na banca devem ser identificadas pelo mercado
"O importante é que o fenómeno de redução da inflação observado nos últimos três meses se possa materializar nos próximos meses, trazendo a inflação para níveis muito próximos de 3%, no final de 2023, e que no horizonte de 2025 se consiga de novo baixar as taxas para níveis próximos de 2%, que é o objetivo do Banco Central Europeu (BCE)", afirmou o líder do banco central.
Embora mostre preocupação com a subida das taxas diretoras pelo BCE, Mário Centeno diz que "não há alternativas, foi necessário". "A incerteza em torno da inflação é mais nociva do que a subida das taxas de juro", sublinha o líder do banco central. Ainda que o ideal é "pôr fim às duas", acrescenta.
Centeno acredita que o aumento das taxas de juro é um "processo que está a chegar ao fim". O governador do Banco de Portugal explica que, "no primeiro trimestre há muitas atualizações de preços que usam a inflação homóloga que vão criar uma resistência na redução da inflação em janeiro e fevereiro, mas depois o processo" de baixa do índice de preços "continuará a partir de março".
Para além das taxas diretoras, há outros fatores que também influenciam a inflação. Centeno alerta que "o comportamento dos mercados, não apenas a nível salarial mas também das margens de lucro das empresas são pressões sobre os preços que podem adiar a redução da inflação".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
O supervisor da banca recordou que, "no final de 2021, o BCE decidiu iniciar um processo de normalização da política monetária com o objetivo de sair do território da armadilha das taxas de juro muito baixas, mesmo negativas". Centeno diz que os bancos centrais "foram confrontados com a necessidade de acelerar este processo de normalização como consequência do processo inflacionista externa, em particular da área do Euro", em resultado dos "choques energético quer de procura que se observaram nalguns países", decorrente da guerra na Ucrânia.
"E foi necessário num período muito curto de tempo, e esta é a dimensão mais preocupante, aumentar as taxas diretoras", vincou Centeno.
(Atualizada às 17h52)