Novos projetos verdes com potência para fornecer um milhão de casas

Para este ano está prevista a instalação de 2 GW de energia renovável. O solar vai liderar, mas 2023 deverá ficar marcado pelo arranque das primeiras centrais de hidrogénio verde.

Este ano, deverão nascer em Portugal projetos de energia renovável com um total de nova potência instalada de 2 gigawatts (GW), o suficiente para abastecer cerca de 982 mil habitações. O solar vai continuar a dominar os investimentos, mas a produção de energia elétrica a partir do vento vai ganhar peso, estando previstos projetos de cerca de 200 megawatts (MW). Além disso, 2023 deverá ficar marcado como o ano em que vão começar a funcionar as primeiras unidades de produção de hidrogénio verde, sendo esperada a instalação de pelo menos 100 MW, adiantou ao DN/DV o Ministério do Ambiente.


Depois dos três leilões para o solar - o último realizado no ano passado para centrais flutuantes em albufeiras - a instalação de centros eletroprodutores a partir do sol tem crescido a passos largos. No último ano, a potência instalada de fotovoltaica cresceu 46% para 2,5 GW, o que contribuiu para o aumento da produção renovável a partir do solar em 47%. Um número que representa ainda apenas 5,8% do total de eletricidade em Portugal, mas que tem reforçado a sua importância tendo em conta a atual crise energética e o fecho das centrais a carvão no país.


Nos próximos anos, a tecnologia fotovoltaica vai ganhar ainda mais protagonismo, estando estimada a instalação de cerca de 1,8 GW, quase a totalidade dos 2GW previstos para 2023. Este valor inclui o somatório da potência em projetos com licença de produção atribuída entre junho de 2019 e julho de 2022, mas também as Unidades de Produção para Autoconsumo (UPAC), cuja capacidade instalada no ano passado disparou 130% para 790 MW (0,79 GW), detalhou ao DN/DV a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).


No que toca à energia eólica, prevê-se o arranque de projetos com 250 MW. Estas estimativas, que têm em conta as licenças atribuídas até ao ano passado e considerando que os atuais prazos legais prevêem um ano entre a atribuição da licença de produção e de exploração, incluem maioritariamente sobreequipamentos de parques eólicos existentes. A Finerge é uma das empresas que tem apostado forte nesta área. A empresa liderada por Pedro Norton revela que neste momento tem "quatro projetos eólicos em construção, com 84,2 MW de capacidade, que entrarão em operação no primeiro semestre deste ano". Além disso, em 2023 irá também arrancar com a construção de 15 projetos: nove de energia eólica e seis de energia solar com conclusão prevista entre o final de 2023 e o início de 2024.


A concretizar-se a instalação dos 250 MW esperados, vão somar-se à atual capacidade instalada de 5667 MW, que pouco tem aumentado nos últimos anos. Um cenário que poderá ser alterado com os leilões eólicos offshore que vão ser lançados este ano pelo Governo. Porém, como se tratam de projetos que levam tempo a construir, a entrada em funcionamento demorará alguns anos. O primeiro parque eólico offshore em Portugal foi desenvolvido pelo Windfloat Atlantic, consórcio do qual fazem parte a EDP, Engie, Repsol e Principle Power. Os três aerogeradores instalados ao largo de Viana do Castelo começaram a funcionar há um ano, mas ainda não avançaram para a fase comercial.


Para 2023, a elétrica liderada por Miguel Stilwell prevê ainda "a entrada em operação de mais de 200 MW de solar e eólica, através de projetos de sobreequipamento de parques atuais, da hibridização de parques eólicos, aos quais se adicionará energia solar e, também, com a inauguração da central fotovoltaica da Cerca", revelou.


Já fonte oficial da Endesa referiu que tem desenvolvimento em Portugal três projetos de energias renováveis, mas não devem arrancar este ano. Estes planos preveem um investimento de 800 milhões com um 1 GW de nova capacidade, e têm data de entrada em exploração prevista, de maneira faseada, entre 2024 e 2026.


H2 sai do papel


O hidrogénio verde tem sido uma das principais bandeiras do atual Governo. Para acelerar o desenvolvimento desta tecnologia, o Executivo vai lançar no segundo semestre deste ano o primeiro leilão de gases renováveis.


Segundo o gabinete de Duarte Cordeiro, é esperado que em 2023 arranquem "as primeiras unidades" e que "estejam instalados pelo menos 100 MW" da capacidade de produção de 500 MW prevista nos projetos que já foram anunciados. Na área do hidrogénio verde, fonte oficial da Galp revelou ao DN/DV que em breve deverá ser tomada a decisão final de investimento no projeto de 100MW para a produção na refinaria de Sines.


Atualmente, estão instalados 16,5 GW de energia limpa em Portugal, um valor que representa uma subida de 7,4% face a 2021 mas que ainda está muito longe dos 35 GW de potência renovável que o Governo ambiciona chegar até 2030.


Para cumprir esta ambição, o presidente da APREN avisa que é preciso "passar das palavras à ação" para resolver obstáculos no licenciamento e na rede elétrica." Nos últimos 20 anos Portugal instalou entre 10 e 12 GW de potência elétrica renovável. Agora é preciso instalar, no mínimo, quase o dobro para chegar aos 35 GW até 2030", referiu Pedro Amaral Jorge.

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