“O mundo das empresas de tecnologia é um campeonato entre os EUA e China. Não há nenhuma companhia europeia”, alertou Paulo Portas, vice-presidente da CCIP , durante o Congresso da GS1, a decorrer esta quinta-feira na Nova SBE, em Carcavelos.
“Estamos (a Europa) fora deste campeonato”, com a primeira companhia europeia, a Spotify, a surgir na 20ª posição, alertou o ex-ministro do Governo de coligação liderado por Pedro Passos Coelho, questionando porque o “capitalismo europeu” se mostra incapaz de criar empresas tecnológicas com esta dimensão global.
“Se a China foi o país que melhor surfou a globalização, foi o país que mais surpreendeu o mundo na economia digital”, defende. “A China prepara-se para nos próximos dois, três anos, para ser o país como maior número de registos de patente a nível mundial”, acrescenta, lembrando que a companhia que mais investe no mundo em R&D é a chinesa Huawei. “A Mitsubishi é a segunda e tem cerca de metade”.

Realizou-se esta manhã a Conferência (Des)Codificar o Futuro da GS1, na Nova SBE em Carcavelos. (Foto: Nuno Pinto Fernandes/ Global Imagens)
E a Europa a ficar para trás nesta corrida. Em 2016, lembra Paulo Portas, foi ultrapassada pela China ao nível de investimento em R&D. “Estamos em quarto lugar depois do Japão, EUA e China”, diz. “Como foi possível termos dormido na forma?”, questiona.
O antigo ministro dos Negócios estrangeiros traçou um cenário pouco otimista para a economia europeia “prestes a aterrar na estagnação”, segundo todas as estimativas, e no meio de uma guerra comercial (à qual está mais exposta) entre os EUA e China.
A mais recente foi feita pela nova responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva que esta semana fez uma revisão em baixa das previsões. “Entrou a pés juntos e com uma linguagem clara”, com um outlook tendencialmente negativo, a refletir o arrefecimento da economia mundial.
“A economia europeia está muito pior do que a americana. Lamento, mas as coisas são o que são”, disse o ex-ministro. “A economia americana está a crescer na ordem dos 2%, a europeia até 1%, o que é um crescimento medíocre, e se não fosse o crescimento dos países do Leste nem seria um crescimento”.
E uma crise que pode ter impacto na economia nacional. Mercados como Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Espanha ou estagnaram ou tiveram crescimento negativo no segundo trimestre, lembra Portas. “No Top 5 dos principais clientes nada está praticamente bem, vivem uma situação crítica”, alerta.

Presidente da Direcção da GS1 Portugal, Paulo Gomes (Foto: Nuno Pinto Fernandes/ Global Imagens)