A pandemia do covid-19 veio acelerar a digitalização da economia e esse movimento provocado pela obrigação do confinamento irá manter-se no futuro beneficiando setores da economia e obrigando a avultados investimentos. O comércio online é uma das atividades que disparou nos últimos meses e tudo aponta para que o ritmo de crescimento se mantenha em alta. Mas outras áreas emergem fruto destes tempos.
A Sixty Degrees, empresa dedicada à gestão de fundos mobiliários, destaca a potencialidade de crescimento de atividades como o comércio digital, a telemedicina, a biotecnologia ou a farmacêutica, mas recorda que toda esta transformação condiciona a realização de investimentos em áreas como o imobiliário, nomeadamente comercial e industrial, a tecnologia e a mobilidade.
Segundo a mais recente análise da empresa, o comércio online "é a face mais visível das grandes alterações infligidas pelo surto de coronavírus", e o seu potencial de crescimento é claramente elevado. Empresas como a Amazon, Shopify ou Etsy deverão continuar a beneficiar desta aceleração das compras digitais, mesmo em período pós pandemia, diz.
A evolução do preço do ETF Solactive E-Commerce Index (EBIZ), que regista uma subida de 34% desde o início do ano, vem apoiar esta projeção.
Previsões da Guild Investments apontam também para que mesmo que o comércio online nos EUA capture apenas 4% da perda de despesa prevista no retalho físico no segundo semestre deste ano, ainda assim significará uma taxa de crescimento de 25% para o ano como um todo.
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Em simultâneo, a ascensão do comércio online deverá ser acompanhada pelo aumento dos pagamentos online, o que deverá beneficiar empresas como a Paypal, mas também as gestoras das redes de cartões de crédito/débito, Visa e Mastercard, diz no relatório a Sixty Degrees.
Uma nova saúde
Outra das oportunidades destacadas pela gestora de fundos é a área da telemedicina que, considera, "poderá ser decisiva no caso de doenças crónicas, já que permite um maior controle, bem como uma maior integração de sistemas de monitorização remota de doentes".
Neste campo, as fabricantes destas soluções digitais "estarão entre os vencedores", destacando-se empresas cotadas em bolsa, como a CVS, a Health Catalyst ou a Unitedhealth, mas também os gigantes tecnológicos Apple, Google e Microsoft.
O setor farmacêutico e as empresas de biotecnologia estão também na linha da frente da transformação económica e social provocada pela pandemia do novo coronavírus. O covid-19 e o receio do surgimento de novos vírus deverão acelerar o crescimento destas atividades a nível mundial.
Adaptação exige investimentos
Esta nova era vai exigir avultados investimentos públicos e privados. Na sua análise, a Sixty Degrees elenca a necessidade de reforçar a tecnologia aos níveis do software e hardware para suportar as maiores exigências em termos de capacidade de rede, tendo em conta a ascensão generalizada do online.
A expansão do espaço de armazéns industriais para sustentar o crescimento do comércio online, o aumento da capacidade de entregas ao domicílio e da capacidade manufatureira à medida que as empresas diversificam as suas cadeias de oferta, evitando a dependência de uma única região, são outras necessidades que se vislumbram no futuro próximo.
O fenómeno do teletrabalho poderá também potenciar o imobiliário residencial e comercial fora das áreas urbanas, com foco nas zonas mais rurais.