Chega ao fim do dia exausto ou muito cansado? A sua memória dá sinais de estar a esmorecer? A sua capacidade de comunicação está a perder eficácia? E de manhã ainda acorda cansado? Stop! “Se não para, o corpo vai parar”, alerta José Soares, professor catedrático de Fisiologia da Universidade do Porto.
O nível de exigência no trabalho é atualmente elevadíssimo. Os quadros têm de ser criativos, altamente produtivos, uns atletas de elevada performance. “Estamos sistematicamente online, trabalhamos longas horas, sofremos uma enorme pressão para atingir objetivos, viajamos com frequência” e este método do trabalho tem “um preço, um preço para a organização e para a pessoa”. Chama-se stress e pode ser travado. Ou arrisca o burnout, o esgotamento.
José Soares, que trabalhou durante vários anos com atletas de alta competição, decidiu aplicar o conhecimento adquirido na seleção nacional de futebol ou com Boavista Futebol Clube aos quadros das organizações empresariais. Combater o stress e o cansaço e garantir uma melhor performance é o que propõe. O docente já apoiou equipas de empresas como a Deloitte, Farfetch, José de Mello, Sonae, MEO, Santander, entre outras.
Como salienta, o stress e a fadiga provocam diminuição da performance, da produtividade e afetam a saúde. “É um custo para a organização e para a pessoa”, diz. As empresas “pedem aos profissionais para serem criativos, mas não há tempo para refletir e a capacidade criativa diminui”. As reuniões são uma constante e, depois, conclui-se que a maioria das pessoas presentes achou uma perda de tempo. Muitos “de nós estamos a trabalhar quase dois turnos por dia”. É importante assumir que a forma “como se está a trabalhar é disfuncional”, sublinha.
No livro Reload, José Soares põe os pontos nos is. Explica os sintomas do stress, como influenciam negativamente a performance no trabalho e na vida pessoal, e abre caminhos para o profissional encontrar o ponto de equilíbrio. O professor universitário sublinha que não está a falar de soft skills, mas de conhecimentos científicos da área da fisiologia aplicados ao mundo das organizações empresariais.
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José Soares defende no seu livro um método de combate ao stress assente em quatro pilares ou quatro erres: recover, refuel, rethink e reenergize. A recuperação (recover) é o primeiro passo. Esta fase obriga a aceitar e identificar os fatores críticos do processo de trabalho, aceitar a disfunção. José Soares aponta o sono como um aspeto essencial para recuperar do stress e fadiga crónica. Entre sete e nove horas de sono, a variação depende de cada pessoa, são essenciais para refazer da agitação do dia. Reabastecer (refuel) é a segunda etapa do caminho. Como refere José Soares, “os atletas alimentam-se para treinar, os quadros para pensar” e há alimentos que tornam os colaboradores “mais funcionais do ponto de vista cognitivo”, como peixe, chocolate negro, frutos secos...
“Ingerimos shots de hormonas de stress de manhã à noite” e temos de repensar essa vida, minimizar esse impacto, que afeta o profissional e alastra à equipa. Por último, José Soares sublinha a relevância de reenergizar (reenergize), de fazer exercício com o objetivo de estimular e melhorar as funções cognitivas. Para combater o stress, o ideal é ler o livro.