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A partir de janeiro, as faturas da eletricidade e do gás vão voltar a aumentar. As tarifas reguladas de eletricidade vão ter um aumento médio de cerca de 3,3%, enquanto no gás natural o aumento será aproximadamente de 3%, anunciou esta quinta-feira a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).
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Para os clientes domésticos que permaneçam no mercado regulado (que representam 6,7% do consumo total e 941 mil famílias) ou que, estando no mercado livre, tenham optado por tarifa equiparada, a variação anual do preço das tarifas será de 3,3%. Face aos preços atualmente em vigor, e numa perspetiva mensal, o aumento será, em média, de 1,6%. Valores ligeiramente acima da proposta de atualização das tarifas apresentada em outubro pelo regulador, onde apontava para aumentos de 3% (variação anual) e 1,1% (mensal).
Este acréscimo tarifário, superior ao anunciado em outubro, "deve-se a um menor sobre ganho com produção em regime especial (PRE), a devolver aos consumidores, do que o inicialmente previsto", explica o regulador no mesmo comunicado. "Sendo o diferencial de custos da produção em regime especial dependente da diferença entre os preços garantidos à produção em regime especial e os preços de energia observados no mercado grossista, a descida observada nos preços de energia nos mercados grossistas, em outubro e novembro, faz com que os valores de sobre ganho da PRE a devolver aos consumidores sejam significativamente inferiores aos valores previstos na proposta tarifária de 15 de outubro", acrescenta.
Segundo as estimativas da ERSE, um casal sem filhos com consumo reduzido (potência de 3,45 kVA e consumo anual de 1900 kWh), com uma fatura média mensal de 37,64 euros por mês, terá um agravamento mensal de 54 cêntimos em janeiro face aos preços atuais. Já uma família com dois filhos com um consumo mais elevado (potência de 6,9 kVA e 5000 kWh de consumo anual), com uma fatura média mensal de 95,26 euros a partir de janeiro pagará mais 1,41 euros.
Os clientes com tarifa social beneficiarão de um desconto de 33,8% sobre as tarifas de venda a clientes finais, informa a ERSE.
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A ERSE anunciou ainda um aumento do preço das tarifas de gás natural no arranque do próximo, que vai abranger cerca de 300 mil clientes."Esta atualização ocorre num momento em que os mercados de energia são particularmente afetados pelo conflito que decorre entre a Ucrânia e a Rússia", esclarece o regulador. Para a maioria dos clientes domésticos do mercado regulado, a atualização representa um aumento de aproximadamente 3%, informa a entidade liderada por Pedro Verdelho, que monitoriza, numa base trimestral, as tarifas do mercado regulado.
Segundo as simulações da ERSE, um casal sem filhos com consumo reduzido com uma fatura média de 13,54 euros, a partir de janeiro vai pagar mais 33 cêntimos por mês. Para uma família com dois filhos, com consumo mais elevado e com uma conta média de 25,68 euros, o aumento será de cerca de 70 cêntimos.
A decisão da ERSE aplica-se apenas ao mercado regulado. Porém, por norma, costuma servir de indicador para o mercado liberalizado que soma cerca de 5,5 milhões de clientes no caso da eletricidade.
EDP sobe fatura em 3%. Endesa não mexe
A EDP, que tem uma quota de cerca de 73% do mercado liberalizado, já anunciou que vai aumentar o preço das faturas da eletricidade em cerca de 3% a partir de 1 de janeiro de 2023."Esta variação inclui uma atualização do tarifário da EDP Comercial, refletindo a volatilidade do custo de aquisição de energia e a descida das Tarifas de Acesso às Redes ainda provisórias", explicou recentemente a comercializadora liderada por Miguel Stilwell. Além da escalada dos preços da energia, a atualização inclui a "melhor estimativa do que será o custo do Mecanismo de Ajuste do Mercado Ibérico de Eletricidade", que segundo a elétrica "irá variar mensalmente e estará discriminado na fatura de cada cliente". A medida desenhada por Portugal e Espanha para colocar um teto nos preços do gás usado na produção de eletricidade entrou em vigor em junho deste ano e deverá manter-se até pelo menos final de maio de 2023.
Esta semana a Endesa anunciou que ia seguir os mesmos passos e começar a cobrar o valor do ajuste do mecanismo ibérico nas faturas também a partir de janeiro. Porém, a segunda maior comercializadora (com 7,8% de quota e mais de 600 mil clientes) garante que vai manter inalterado o valor global das faturas dos clientes domésticos. Para tal, irá reduzir os preços da eletricidade. A Galp e a Iberdrola, por exemplo, são algumas das comercializadoras que já estão a repercutir o valor do ajuste do Mecanismo Ibérico nas faturas dos seus clientes.
(Notícia atualizada às 20h47)