Alojamento local dá até 12 mil milhões ao País

Proprietários temem que propostas, hoje em debate na AR, destruam impulso económico do setor

As dúvidas sobre o futuro do alojamento local começam a desfazer-se hoje no Parlamento. A votos vão seis propostas que pretendem aumentar o controlo, reduzir o tempo de exploração ou o número de imóveis dedicados a esta atividade. Mas é com muito receio que os proprietários que exploram este tipo de alojamento olham para a Assembleia da República. Em risco, diz Jorge Van Krieken, dinamizador da plataforma alojamentolocal.org, estão até 12 mil milhões de euros que estes hóspedes injectam no País.

“O alojamento local é uma turbina de desenvolvimento das regiões porque sempre que se fica num alojamento local está a consumir-se localmente”, conta o também proprietário de um imóvel em Marvão, ao Dinheiro Vivo.

Estão registados em Portugal mais de 54 mil alojamentos de curta duração com um total de 220 mil camas. Num cenário de ocupação a 100%, os 313 562 turistas que cabem nos alojamentos locais portugueses, e tendo por base os 104 euros de gasto médio diário calculado pelo INE, podem deixar até 12 mil milhões no País. Metade da ocupação representa, ainda assim, 6 mil milhões, detalha Jorge Van Krieken. Opotencial ganho anual é maior no Algarve, que reúne mais de 22 600 alojamentos. Só ali, são quatro mil milhões de euros de impacto positivo. Em Lisboa são pouco mais de três mil milhões de euros.

“Todos os partidos mostram uma total ignorância sobre a realidade do alojamento local e todos se mostraram incapazes de fazer um exercício que deveria ter sido obrigatório: analisar o impacto que as suas propostas podem vir a ter”, adianta o pequeno proprietário, que reclama a constituição de uma nova associação que represente os proprietários de alojamento local que, como ele, encontraram nesta atividade uma forma de equilibrar as finanças familiares.

O grupo que representa não é o único que se mostra apreensivo com o aperto das regras. A ALEP (Associação do Alojamento Local ) diz mesmo que do debate de hoje poderá sair um “resultado catastrófico” que faria regressar muitos AL à ilegalidade. A proposta socialista, que propõe a introdução de autorização por parte dos condomínios para a abertura de um AL é uma das medidas mais polémicas a ir a debate. No entanto a ALEPdestaca que “o risco de destruição do setor não se limita apenas à proposta de autorização dos condomínios para a sua prática, mas sim no resultado catastrófico que o conjunto de propostas dos partidos políticos pode ter não só no Alojamento Local, como no próprio Turismo e na vida de milhares de pessoas e famílias que têm hoje no AL a sua principal fonte de rendimentos”.

Essa é também uma das nuances mais vincadas nas várias petições que ainda deram entrada no Parlamento no ano passado e onde se fala do risco de falência para muitas famílias. Jorge Van Krieken, que entregou uma petição a 12 de dezembro, lembra que o ALnão pode ser responsabilizado por problemas gerados pela especulação imobiliária ou por fluxos anormais – e dificilmente repetíveis por cá, diz – em cidades como Barcelona ou Milão.

Já se prepara uma nova Associação para o AL

“Os gestores de grandes hipermercados não podem representar o comércio local”. A imagem lançada por Jorge Van Krieken pretende mostrar o descontentamento de pequenos proprietários com a atual Associação do alojamento local. Há muito que a ALEP é criticada por inação. Mas não é só: “os proprietários de alojamentos locais não podem estar a ser representados por quem lhes presta serviços. É incompatível”. Vai, por isso, avançar com as bases para um novo organismo. A comissão instaladora já está de pé e conta com cerca de 20 elementos.

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