O presidente da Autoridade Bancária Europeia (EBA), Andrea Enria, instou hoje à criação de uma entidade de gestão de ativos para dar saída no mercado à grande quantidade de crédito malparado da banca na União Europeia.
O supervisor avançou as linhas gerais desta entidade num seminário organizado pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), no Luxemburgo, onde defendeu que esta ferramenta seria "a chave para acelerar o processo" para que as instituições se livrem deste peso e avancem "na recuperação do setor".
No conjunto da União Europeia, o crédito malparado superava em junho de 2016 um bilião de euros e representava 5,4% do total de empréstimos, com Itália a liderar a lista de países mais afetados (276.000 milhões), seguida pela França (148.000 milhões) e por Espanha (141.200 milhões de euros).
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A dificuldade que a banca tem em desfazer-se do malparado reside, de acordo com Enria, no facto de "a banca não ter incentivos" e de ser "muito restrito" colocá-lo no mercado.
Neste sentido, o presidente da EBA propõe a criação de uma entidade que seguiria um modelo semelhante ao do Sareb -- conhecido como 'banco mau' -- que se estabeleceu em Espanha para os ativos tóxicos das entidades reestruturadas, após o resgate à banca, ou do NAMA irlandês, que o economista italiano considerou "muito eficazes".
De acordo com os dados do Banco de Portugal (BdP) divulgados em novembro, o crédito malparado das famílias e das empresas em Portugal diminuiu para 17.784 milhões de euros em setembro face ao mês anterior, representando 9,05% do total dos empréstimos concedidos.