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Carregar um carro elétrico na rua custa mais 33 cêntimos a partir de hoje. Entram em vigor as taxas fixas da Mobi.E (tarifa EGME), que vão servir para financiar a atividade da empresa do Estado que gere a rede de postos de carregamento de acesso público. A alteração penaliza sobretudo os automóveis mais antigos e com baterias mais pequenas e é criticada pela associação dos Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE).
Na hora de carregar o carro, será aplicada uma taxa de 16,57 cêntimos aos operadores de pontos de carregamento (OPC) e o mesmo montante para os comercializadores de eletricidade para a mobilidade elétrica (CEME). Os condutores, no entanto, vão sentir na carteira os 33,1 cêntimos a mais por cada carregamento.
As duas taxas serão fixas, independentemente da potência e do tempo de carregamento. "O preço da operação vai aumentar entre 20% e 80%", estima a associação UVE.
"A aplicação da taxa deveria ser efetuada por energia (kWh) consumida e não por um valor fixo, considerando que, quem carrega mais deverá pagar proporcionalmente, para não serem prejudicados os utilizadores com menor capacidade de carregamento na sua viatura elétrica", recomenda ao Dinheiro Vivo o líder da UVE, Henrique Sánchez.
Há cada vez mais proprietários de veículos elétricos que não têm possibilidade de carregar o veículo em casa.
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O presidente da Mobi.E, Luís Barroso, recorda que esta contribuição foi definida pela entidade reguladora da energia (ERSE) mas apenas abre a porta a alterações "se a perceção de utilizadores e de agentes de mercado se confirmar".
Desde que começaram a ser pagos os carregamentos nos postos rápidos (de pelo menos 50 kWh), em novembro de 2018, que estava prevista a cobrança da tarifa EGME. Nos primeiros dois anos, não foi pago qualquer valor, como forma de acelerar a mobilidade elétrica em Portugal. A introdução destas tarifas foi adiada para maio deste ano, já depois do segundo confinamento.
A UVE defende que estas taxas só deveriam começar a ser cobradas aos OPC e CEME a partir de 1 de maio de 2023, "considerando que, por força da pandemia e das restrições impostas pelos diversos estados de emergência no último ano, estaremos a pôr em causa o fomento da mobilidade elétrica para todos". Durante dois anos, propôs a associação, as taxas poderiam ser suportadas "por fundos públicos afetos à descarbonização da economia e à eletrificação dos transportes".
Luís Barroso contrapõe. "O valor dos consumos da rede Mobi.E em abril irá ficar próximo dos máximos mensais históricos registados no período pré-pandemia, devido ao aumento sustentado das vendas de veículos elétricos e do número crescente de postos de carregamento disponíveis na rede."
Para gerir os mais de 1650 postos de carregamento de acesso público, a Mobi.E conta arrecadar anualmente cerca de 1,6 milhões de euros. Neste ano, contudo, apenas estima obter cerca de 780 mil euros junto dos utilizadores. "Estamos na fase inicial de constituição de mercado, agravada por uma conjuntura de pandemia", sustenta o gestor público.
Os utilizadores de veículos elétricos chamam ainda a atenção para a falta de mecanismos que evitem erros na cobrança das taxas. "O cartão não deveria ativar mais do que um novo carregamento no espaço de 30 minutos. Se houver uma falha no posto, o utilizador pode sair ainda mais penalizado", alerta Henrique Sánchez.
A Mobi.E irá cobrar aos detentores de postos de carregamento uma taxa de 3,85 cêntimos por dia e por cada equipamento. Este tributo, de 1,20 euros por mês, aplica-se aos condomínios e às empresas que têm estações de carga.