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O crédito pessoal em Portugal disparou para níveis pré-pandemia. Em fevereiro, os novos empréstimos - que abrangem crédito para o lar, educação, saúde ou energia, por exemplo - superaram os 300 milhões de euros, atingindo máximos de novembro de 2019.
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No total, este tipo de financiamentos somou um montante de 313 milhões de euros, um valor que compara com os 260 milhões concedidos em janeiro e os 188 milhões em fevereiro do ano anterior, de acordo com os números divulgados pelo Banco de Portugal esta segunda-feira. Contas feitas, trata-se de um aumento de 16,4% face ao mês anterior e de 61,2% acima de fevereiro de 2021.
Estes números, que ainda não incluem totalmente o efeito da guerra na Ucrânia que teve início a 24 de fevereiro, refletem o aumento da confiança dos consumidores, ao mesmo tempo que as instituições financeiras estão mais disponíveis para dar crédito ao consumo por "pressões da concorrência", segundo o último inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito publicado este mês pelo supervisor.
Depois do período pandémico, "a confiança dos consumidores contribuiu para aumentar a procura de empréstimos por particulares, sobretudo no crédito ao consumo e outros fins", lê-se no mesmo relatório. Uma tendência que se deverá manter, uma vez que as expectativas da banca são que haja um "aumento da procura de empréstimos de curto prazo sobretudo por PME [Pequenas e Médias Empresas] e ligeiro aumento da procura de empréstimos para habitação e consumo".
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Analisando os dados por segmentos, os pedidos para empréstimos sem finalidade específica, para o lar ou para consolidação continuam a representar a larga fatia dos montantes concedidos (302 milhões de euros). Já o novo crédito para educação, saúde ou energias renováveis atingiu os 10 milhões de euros, uma subida de 5,8% mas, ao contrário do outro segmento, não alcançou máximos.
O crédito para a compra de automóvel seguiu a mesma tendência, tendo aumentado 14,9% para 214 milhões de euros em comparação com o mês anterior. A grande fatia teve como destino a compra de viaturas usadas. Já o crédito para cartões, linhas de crédito e descoberto - outra das parcelas do crédito ao consumo - cresceu 8,5% para 97 milhões de euros.
No seu todo, os novos créditos ao consumo concedidos em fevereiro deste ano somaram 624 milhões de euros, mais 16,4% do que no mês anterior e 61,2% acima de fevereiro de 2021.
A escalada dos empréstimos para consumo segue também o ritmo de crescimento do crédito à habitação que em fevereiro alcançou os 1.275 milhões de euros, acima dos 1.189 milhões de janeiro e dos 999 milhões de fevereiro de 2021.
Apesar deste crescimento, o Banco de Portugal tem notado que os bancos têm cumprido as recomendações para a concessão de novos empréstimos. Em 2021, o crédito ao consumo com maturidade acima dos limiares definidos na recomendação emitida pelo supervisor foi "muito residual", indicou recentemente o BdP. No crédito pessoal, "apenas 1% dos empréstimos concedidos registavam uma maturidade superior ao limiar de 7 anos" definido nas normas publicadas pelo Banco de Portugal de forma a assegurar a adoção de critérios de concessão prudentes e reforçar a resiliência e sustentabilidade do setor financeiro. No crédito automóvel a percentagem de empréstimos com maturidade superior ao limiar de 10 anos foi "virtualmente nula". "A maturidade média do crédito pessoal (6,5 anos) e do crédito automóvel (8,4 anos) permaneceu relativamente estável ao longo de 2021", concluiu a entidade liderada por Mário Centeno no último relatório de acompanhamento macroprudencial sobre novos créditos a consumidores.