David Giltner: "Não temos medo do desconhecido ou do inexplicado"

Faculdade de Ciências e Tecnologia, na Caparica, recebeu David Giltner, fundador da Turning Science, para uma série de palestras sobre como podem os cientistas impactar o setor privado.

A Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT NOVA), na Caparica, recebeu o cientista americano David Giltner, ao abrigo do protocolo estabelecido com o American Corner Portugal, para uma série de palestras sobre como levar a ciência pura e dura até às empresas.

Pode não ser propriamente claro o que um cientista pode fazer no setor privado, onde não se faz "ciência per si", mas os investigadores têm diversas características que os tornam muito valiosos para as empresas, "não temos medo do desconhecido ou do inexplicado", diz David Giltner.

O essencial passa por perceber onde se podem encaixar, mas no que diz respeito a desenvolvimento de produto, por exemplo, o cientista é aquele "que junta as várias peças e as transforma num instrumento que as pessoas podem usar".

Mas nem sempre é fácil passar da academia para a indústria. Na opinião de David Giltner, as universidades têm um forte papel a desempenhar a este respeito, devendo "encorajar a colaboração da indústria em projetos de investigação académica".

"Lembro-me de procurar o meu primeiro emprego na indústria e não saber nada sobre isso, era uma espécie de caixa negra", explica o cientista norte-americano, reforçando a importância das colaborações que, por mais breves que sejam, são extremamente valiosas, além de combaterem o "nós contra eles" a que muitas vezes se assiste entre academia e indústria. "Tende a haver a ideia de que os dois lados simplesmente não se misturam."

Na verdade, Giltner acredita num modelo de "hélice tripla" que dita que a "inovação é o produto da colaboração entre academia, indústria e governo", porque quando trabalham juntos contribuem com diferentes valências.

E se a falta de exposição à realidade do mercado de trabalho se torna um problema, o cientista que se torna empreendedor também pode sofrer de outro mal-estar enfeitiçado pela sua investigação. David Giltner explica que, por vezes, os cientistas podem não conseguir ser suficientemente críticos do seu trabalho e têm dificuldade em perceber se há, de facto, um mercado a que responder.

Tipicamente mais analíticos, os cientistas podem demorar mais a tomar decisões, mas, por vezes, os empreendedores têm de "agarrar as oportunidades e ver se resulta. É o risco que faz parte do jogo", diz o cientista e fundador da Turning Science.

Com edição de Teresa Costa

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