Depois de em maio ter sido assinado um acordo para seguir em frente com a OPA (oferta pública de aquisição), a Fidelidade disputou a compra da seguradora com várias companhias internacionais, nomeadamente europeias e americanas. Na última fase, chegou ao duelo final com uma concorrente alemã, tendo sido a portuguesa a escolhida. "E não foi pelo fator preço, mas sim pelo entendimento entre a equipa de gestão e a aproximação cultural entre as duas empresas", explicou André Cardoso, administrador responsável pelo pelouro Internacional da Fidelidade, num encontro com jornalistas em Lima, a capital do Peru.

A 31 de dezembro último foi formalmente concluída a OPA e o anúncio oficial acontece esta manhã, em Lima. A finalização da aquisição da posição de controlo da companhia peruana La Positiva Seguros e Reaseguros permite a entrada da Fidelidade no mercado Latino-Americano. No Peru, a La Positiva tem já 80 anos de atividade no mercado e uma forte capilaridade entre os mais de 30 milhões de habitantes deste país latino, registando 3,8 milhões de segurados, em parte graças aos seus mais de 2 mil pontos de venda. É atualmente o quarto maior grupo do setor segurador no Peru, com investimentos de 1,2 milhões de dólares (cerca de mil milhões de euros).
A La Positiva regista 500 milhões de dólares (perto de 437 milhões de euros) de prémios consolidados e a atividade assenta em 65% em produtos não vida e em 35% em produtos vida. A partir daqui, "a Fidelidade vai ajudar a fazer crescer o segmento corporativo, porque no segmento individual a companhia já é forte, bem como está um passo à frente no micro seguro", afiança André Cardoso.
"Estamos convencidos de que, com a liderança da Fidelidade e o contínuo compromisso com os nossos acionistas e clientes, podemos continuar a crescer no mercado segurador. Para além disso, com o acréscimo de uma gama maior de produtos, o nosso conhecimento e a experiência do cliente, bem como a melhoria dos processos e a tecnologia que a Fidelidade irá trazer, será possível aumentar a nossa participação no mercado peruano", afirma Andreas von Wedemeyer, presidente da La Positiva.
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Já para Jorge Magalhães Correia, presidente do Grupo Fidelidade, "a conclusão deste processo de aquisição é mais um passo na consolidação da estratégia de internacionalização da Fidelidade, aproveitando o potencial de crescimento económico sustentado do mercado peruano, marcando, também, o início da nossa expansão na América Latina".
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A empresa portuguesa, detida em parte pela chinesa Fosun, passa assim a ter presença na Bolívia, onde a marca La Positiva já é líder de mercado há sete anos, na Nicarágua e ainda no Paraguai, onde aliás "está perto de ser incluída no top 10, e em quatro a cinco anos pretende mesmo chegar ao topo", revela André Cardoso. Em termos de quotas de mercado, a La Positiva detém 11% no Peru, 22% na Bolívia e 2% no Paraguai.
Neste continente, o Chile também não ficará esquecido. "Estamos a lançar esta operação que em cinco anos poderá ter escala crítica para estar ao nível de uma das outras que temos na América Latina. Neste caso, trata-se de um investimento direto da Fidelidade, quanto à marca a usar futuramente ainda está em discussão", diz André Cardoso.
Diversificação do Peru até Macau
Hoje "a componente internacional representa já 10% do negócio total não vida da Fidelidade", avança André Cardoso. Esta meta contribui para "diluir o risco, já que a Fidelidade estava muito focada na realidade portuguesa e faltava a apostar na diversificação, até para atenuar momentos menos positivos da economia em Portugal".
A Fidelidade marca presença em sete geografias da Europa, África e Ásia. Por exemplo, no que a África diz respeito, em Angola tem uma das "principais operações", em Cabo Verde "tem mais de 60% de quota de mercado" e em Moçambique "apesar de só ter aberto em 2015, tem potencial para crescer", detalha o mesmo administrador.
Na Ásia, tem portas abertas em Macau, onde é já um dos principais players do ramo não vida. Nesta geografia, a Fidelidade conta com o parceiro BNU, banco da Caixa Geral de Depósitos e que é também a entidade emitente de moeda local.
"Com a experiência de 210 anos da Fidelidade acreditamos que podemos exportar know-how", remata André Cardoso. "O futuro vai passar ainda mais pela internacionalização".
"A componente internacional representa 10% do negócio total não vida da Fidelidade", avança André Cardoso. Com a La Positiva "passa a ter 30% dos prémios fora de Portugal, em termos de colaboradores estão já metade fora do país e em termos de clientes passam a ser 70% os que estão fora do país, a maioria falando espanhol".
(A jornalista viajou a convite da Fidelidade)