Fundação José Neves lança guia sobre ensino profissional para apoiar "melhores decisões"

"Guia sobre o Ensino Superior" pretende ser uma ferramenta de apoio para ajudar os estudantes e respetivas famílias a tomar decisões mais conscientes e também diminuir o preconceito que existe quanto a esta via de ensino.

A Fundação José Neves (FJN) lança esta quarta-feira o "Guia sobre o Ensino Profissional". Trata-se de uma ferramenta de apoio que apresenta as vantagens e desvantagens deste tipo de ensino, dados sobre os alunos e diplomados que optaram por esta via, bem como sugestões para quem por ela pretende ainda enveredar.

Segundo explica a promotora em comunicado, o propósito deste guia, é, por um lado, ajudar os estudantes e respetivas famílias a tomar decisões mais conscientes e, por outro, diminuir o preconceito que existe perante esta alternativa, já que num estudo realizado pela Mckinsey, no qual participaram mais de cinco mil jovens de oito países europeus, por exemplo, os próprios inquiridos assumem partilhar do estigma.

"É importante contrariar o preconceito relacionado com o ensino profissional e realçar as mais-valias desta via, que pode revelar-se bastante vantajosa, sobretudo no rápido ingresso no mercado de trabalho e no aspeto salarial no início da carreira, além de dotar o mercado de trabalho de profissionais qualificados e com experiência prática", nota Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves.

Apesar de assumir que este percurso requer "uma maior atualização de competências ao longo da vida", o responsável defende que essa é uma "realidade cada vez mais transversal no mercado de trabalho independentemente da via que se escolha" e sublinha que o ensino profissional permite prosseguir igualmente os estudos para o ensino superior.

Do lado das empresas, "o preconceito inicial contrasta com as necessidades de recrutamento", afirma a fundação. Questionadas sobre este tema, as entidades empregadoras confessaram que metade das suas necessidades de recrutamento futuras passa por trabalhadores com formação profissional e que, ao momento, já enfrentam dificuldades em encontrar profissionais com este tipo de ensino.

Já do ponto de vista das vantagens, revelam ainda as conclusões da FJN, os jovens com o ensino profissional apresentam "maior empregabilidade e salários mais elevados do que os que terminaram o ensino secundário pela via científico-humanística". Porém, estas vantagens podem esbater-se no futuro das carreiras, caso os profissionais não se mantenham atualizados, é ressalvado.

Ensino profissional em Portugal

No ano letivo 2020/2021, cerca de 40% dos alunos portugueses no ensino secundário estavam matriculados no ensino profissional, segundo a FJN. Este é um valor que coloca Portugal entre os dez países da União Europeia com menor percentagem de alunos neste tipo de ensino e abaixo da média europeia (49%).

"Portugal definiu como objetivo ter, até 2030, 55% dos diplomados do ensino secundário pela via profissionalizante, reconhecendo que uma mão-de-obra mais qualificada, com mais competências cognitivas, analíticas e digitais é fundamental para o desenvolvimento económico do país. Em 2021 este valor era de 37%, portanto, há um longo caminho a percorrer para atingir essa meta", afirma a fundação.

Dados recolhidos pela entidade dão conta de que: um terço dos jovens matriculados no ensino secundário frequenta um curso profissional; 14 meses depois de concluírem um curso profissional, 51% dos jovens estavam a trabalhar e 9% estavam simultaneamente a trabalhar e a estudar; um em cada cinco alunos que concluíram cursos profissionais obtém emprego na empresa onde estagiou.

Ainda, um terço dos jovens que concluíram um curso profissional opta por prosseguir os estudos, sendo que 22% destes frequentaram uma licenciatura numa universidade e 23% frequentaram uma licenciatura num instituto politécnico. Quase metade (48%) preferiu inscrever-se num curso Técnico Superior Profissional.

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