- Comentar
A Galp e a Northvolt vão unir esforços para explorar oportunidades de negócios relacionadas com o rápido crescimento da cadeia de valor das baterias de lítio, anunciaram as duas empresas esta terça-feira na cerimónia de assinatura da parceria, que contou com a presença do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e do secretário de Estado da Energia, João Galamba. As duas empresas vão avançar com um projeto industrial que visa o desenvolvimento de uma cadeia de valor de baterias para veículos elétricos.
Relacionados
Bolsa de Lisboa sobe com Galp a ganhar 2,50% quando apresenta novo projeto industrial
Galp e Northvolt com "múltiplas localizações" para refinaria de lítio. Governo defende norte do país
Governo prevê investimentos de até 18 mil milhões na área da energia "nos próximos cinco anos"
Ambas as empresas acordaram a criação da joint venture Aurora, cuja participação é partilhada 50/50, para criar e desenvolver em Portugal a "maior e mais sustentável fábrica de conversão de lítio da Europa". A localização dessa fábrica ainda não está definida, mas espera-se que o empreendimento tenha uma capacidade de produção anual de até 35 mil toneladas de hidróxido de lítio.
O investimento previsto deste projeto ascende a cerca de 700 milhões de euros. No entanto, a decisão final de investimento ainda não ocorreu, segundo os responsáveis da Galp e da Northvolt. O início da atividade da fábrica está previsto para o final de 2025, com as operações comerciais a arrancarem no início de 2026. Prevê-se a criação de 1500 postos de trabalho diretos e indiretos.

Paolo Cerruti, co-fundador da NorthVolt, e Andy Brown, CEO da Galp
© Leonardo Negrão/Global Imagens
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
"Está é uma oportunidade única para reposicionar a Europa como líder numa indústria que servirá para reduzir as emissões globais de dióxido de carbono", afirmou o CEO da Galp, Andy Brown, manifestando satisfação com o plano desenhado, na apresentação pública deste projeto industrial. Para o gestor, Portugal tem as "competências-chave" para desenvolver este tipo de indústria.
Já para Paolo Cerruti, co-fundador e chief operating officer da Northvolt, está em causa o desenvolvimento de uma indústria europeia de fabrico de baterias, que representa "uma tremenda oportunidade económica e social" não só para Portugal, mas para toda a Península Ibérica e Europa.
Espera-se que a unidade a ser desenvolvida pela joint venture seja capaz de produzir hidróxido de lítio suficiente para a produção de 50 GWh (gigawatts) de baterias por ano. O suficiente para alimentar 700 mil veículos elétricos - caberá à Northvolt garantir um consumo de até 50% da capacidade da unidade para utilização no seu próprio fabrico.
O projeto Aurora ambiciona também vir a utilizar energia verde no processo de conversão de lítio, atenuando a dependência do gás natural na produção de baterias de lítio.
Além deste primeiro empreendimento, a joint venture da Galp e Northvolt vai procurar outras oportunidades de negócio relacionadas com toda a cadeia de valor do lítio. Nesse sentido, a Aurora também vai explorar as opções adequadas de financiamento, no âmbito da transição energética.

João Galamba (secretário de Estado da Energia), Paolo Cerruti (co-fundador da Northvolt), Andy Brown (CEO da Galp) e João Pedro Matos Fernandes (ministro do Ambiente)
© Leonardo Negrão/Global Imagens
De acordo com o noticiado pelo "Expresso", a 1 dezembro, o projeto da cadeia de valor das baterias de lítio, encabeçado pela Galp, é o maior projeto da área da energia que está a concorrer aos 930 milhões de euros de apoios do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para projetos e agendas de inovação.
O projeto liderado pela Galp representa investimentos totais de 980,5 milhões de euros, dos quais 417 milhões a cargo da Petrogal, e 388 milhões da empresa Aurora Lith (Northvolt).
A Northvolt é uma empresa sueca fundada em 2015, que pretende tornar-se numa das maiores produtoras europeias de baterias para veículos elétricos. Tem mais de 2300 trabalhadores, de 108 nacionalidades, e já captou um total de seis mil milhões de euros para investimentos. Tem acordos com a Volkswagen, que é a sua principal acionista, com a BMW e a Volvo. A carteira de encomendas supera os 23 mil milhões de euros.