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Mesmo em plena pandemia da covid-19, a JLL já tinha confirmado que o ano anterior tinha sido o seu terceiro melhor de sempre e com o prolongamento da pandemia e do confinamento, a consultora não perde o optimismo para 2021. "Em crises anteriores, víamos os investidores a apostarem em mercados mais maduros e Portugal ficava em fim de linha. Isso não está a acontecer agora", afirmou Fernando Ferreira, do pelo departamento de investimento comercial da consultora, na apresentação e resultados e do estudo Market 360º ontem, terça-feira.
Patrícia Barão, responsável pelo segmento internacional, acrescentou que "Portugal continua no radar dos investidores internacionais, porque somos um país seguro, que oferece condições extraordinárias e essas condições continuam cá. Este ano vai ser muito dinâmico para o mercado residencial".
Mas sublinhou que está a haver mudanças na procura. Em março de 2020 começaram os primeiros pedidos "com a necessidade de se criarem escritórios em casa, além da procura por casas com espaços exteriores e isso já foi muito refletido para os projetos novos"
Escritórios estão para ficar.
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Mas a diversificação do setor em 2021 não passará apenas pelo residencial, com a consultora a admitir que há novos segmentos a ganhar espaço, nomeadamente o dos armazéns. Pedro Lancastre, diretor geral da JLL Portugal, lembra que a pandemia veio dar força ao teletrabalho, mas também ao comércio online. Mariana Rosa, responsável da área de escritórios, explica que com o crescimento do comércio eletrónico "as empresas precisam de apostar nessa last mile, de estarem mais perto das grandes cidades", o que vai facilitar as entregas. E adianta que no último ano, perto de Lisboa, nas áreas da Matinha e Prior Velho o preço por m2 já subiu bastante, mas "tem que haver mais oferta de armazéns, era um setor que estava um bocadinho abandonado".
Quanto a escritórios, a consultora garante que estes "não vão acabar" e que "o escritório nunca será substituído por uma sala pessoal. Juntos é que a produtividade tende a aumentar". Ainda assim, estes têm que ser reinventados para promover a interação entre trabalhadores e que já notou uma tendência de procura por espaços de maiores dimensões para criarem áreas de open space.
Outro setor que vai ganhar espaço é o da habitação construída para arrendamento, que deve atrair investidores, tal como as residências com serviços, quer para o segmento sénior, quer para residências de estudantes.
Pedro Lancastre refere que "o mercado não está parado e já se mostrou resiliente, mas é evidente que uma reação mais firme dos investidores e promotores, bem como da procura, só deverá fazer sentir-se, na melhor das hipóteses, a partir do 2º trimestre".
Quanto a 2020, o valor total de investimento em imobiliário comercial foi de 2,7 mil milhões de euros, uma quebra de 18% face ao ano anterior, com a JLL a referir que 55% deste investimento foi feito no primeiro trimestre do ano, antes da pandemia. 40% foi no segmento de retalho, 34% em escritórios e 16% em hotelaria.
Na habitação foi de 25,6 mil milhões de euros, o que ficou em linha com 2019. Foram vendidas 167,5 mil casas e os preços médios aumentaram 1,8% em relação aos valores praticados antes da pandemia.
Hotelaria deve apostar no mercado interno
Quanto à hotelaria, Karina Simões, Hotel Advisory da JLL, reconhece que este foi o segmento que mais sofreu: "As taxas de ocupação na hotelaria ficaram 40% abaixo de 2019 e as dormidas mais de 60%; no aeroporto de Lisboa, as chegadas recuaram 70%".
Agora, "o plano de vacinação e a forma como os países lidarem com esta 3ª vaga vai determinar o início da recuperação do setor, mas prevê que "o segmento de lazer, especialmente os destinos mais sustentáveis e próximos de casa, serão os primeiros a recuperar", pelo que o país deve "capitalizar o turismo doméstico, aproveitando a tendência de crescente interesse por cidades secundárias e destinos localizados em ambientes mais rurais".