O contexto económico do país, nomeadamente a contração do PIB ou a recuperação limitada do turismo, poderá fazer "arrefecer" o mercado imobiliário nos próximos meses, aponta a consultora Imovendo, no seu relatório mensal.
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"O período de recuperação do mercado imobiliário registado em Portugal desde o desconfinamento (em início de Maio) parece estar a abrandar", afirma a consultora, que refere ainda que esta área de atividade tem "futuro incerto" ao longo dos próximos meses.
Com o verão como um período dinâmico na procura imobiliária, os meses seguintes trazem habitualmente um decréscimo da procura - algo que este ano poderá ser ainda mais significativo, antevê a Imovendo, "uma vez que parte da procura que alimentou o mercado nestes últimos meses, resultou de decisões de investimento anteriores ao confinamento e de necessidades geradas pelo próprio confinamento, pelo que esta força motriz perderá agora tração e arrastará consigo o mercado."
A empresa refere inclusive que, após maio, mês de início do desconfinamento, "muitos profissionais têm reportado bons resultados". Desde junho a empresa refere que foram criadas 300 novas empresas, um "número impressionante" e em contra-ciclo com a situação do país, diz Manuel Braga, CEO da consultora. No entanto, o mesmo responsável aponta que estas novas empresas poderão "colocar pressão acrescida sobre um setor que enfrenta um futuro incerto".
Referindo que o mercado imobiliário tem também conquistado um carácter de "bolsa de empregabilidade secundária que tem permitido milhares de famílias assegurarem uma remuneração complementar", a Imovendo destaca ainda que a "expectável contração da economia, a par do antecipável fim das moratórias sobre os créditos à habitação, constituem-se como desafios relevantes que o mercado ainda não começou a antecipar (por este motivo ainda não se verifica qualquer tipo de movimento significativo de ajustamento em baixa dos preços de mercado dos imóveis)."
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Para os próximos meses, a consultora antecipa três grandes dinâmicas: o ajustamento gradual dos preços de vendas às novas dinâmicas do mercado, o reforço da relevância das ferramentas tecnológicas como um instrumento de trabalho e ainda a necessidade de encontrar novas estratégias para comercializar imóveis. A consultora destaca que, neste último ponto, será importante "garantir que o esforço de ajustamento dos preços não recai na totalidade sobre o proprietário".