Imagine circular num comboio monitorizado em tempo real sem ter problemas de acesso à internet sem fios. E que esses veículos estão integrados numa rede de transportes conectados entre si para recolher informações que ajudam a tornar os serviços mais eficientes. Imagine uma cidade com sensores conectados que lhe dão informação útil para ajudar, por exemplo, a estacionar o carro.
Isto é apenas um pequeno exemplo do que permite a plataforma rádio de comunicações Wavesys, criada pela Wavecom, uma empresa de engenharia de comunicações fundada no ano 2000, com larga experiência em sistemas e aplicações wireless e IP chave-na-mão, integradas e ajustadas às necessidades de cada cliente. A partir de Aveiro, onde tem a sua sede, têm vindo a ser criados novos produtos que já estão a chegar ao mercado e têm múltiplas funcionalidades.
A Wavesys surgiu em 2013, após cinco anos de trabalho de investigação. O produto, 100% português, começou a ser desenvolvido por uma equipa de apenas duas pessoas, que entretanto foi alargada e agora contempla dezena e meia de técnicos especializados. Beneficiou de apoios nacionais e europeus destinados ao desenvolvimento de novas tecnologias.
Nuno Marques, CEO da Wavecom, diz que a plataforma “permite ter até quatro interfaces rádio e disponibiliza várias tecnologias diferentes, como 3G, 4G, wi-fi, TDT e outras”.
Por ser modelar, tem várias funcionalidades. Atualmente já está a ser aplicada na área dos transportes. “Esta plataforma permite disponibilizar wi-fi em autocarros, comboios, carros e outros veículos. A grande diferença em relação ao que já existe no mercado é que este wi-fi tem melhor qualidade porque a plataforma permite ligar-se a vários operadores de comunicações em paralelo, o que faculta ao utilizador uma melhor experiência”, explica Nuno Marques. A tecnologia está a ser colocada nos comboios da CP, nomeadamente nos Alfa e Intercidades, e na Carris, em Lisboa.
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Entre as várias aplicações que pode ter, a que atualmente se afigura como “mais promissora” é a possibilidade de “conectar sensores que estão espalhados em cidades ou instituições e que precisam de transmitir, de forma segura e fiável, os dados que vão recolhendo. Cada vez mais há dados a serem recolhidos por sensores e máquinas espalhados por todo o mundo que têm de ser inseridos em bases de dados e tratados para retirar informação e melhorar, por exemplo, a vida nas cidades”, avança o responsável. Tornar o estacionamento nas cidades inteligente, evitando o caos, é apenas uma das muitas aplicações que Nuno Marques imagina.
Para continuar a desenvolver as potencialidades da plataforma, a Wavecom está a auscultar startups, incubadoras e universidades no sentido de criar um cluster que “permita o desenvolvimento de aplicações que usem a plataforma”. Nuno Marques acredita que será possível “acelerar a adoção desta tecnologia de forma massificada e, com isto, dar a usufruir todos os benefícios que a tecnologia promete”.
A intenção da empresa é que a tecnologia, que tem vindo a ser testada em Portugal, possa ser exportada. “Já começámos a olhar para o estrangeiro, nomeadamente para Espanha”, afiança Nuno Marques. Depois, pretendem avançar para outros países da Europa e para os Estados Unidos.