Lucros da Sonae caíram 57,2% para 71 milhões de euros em 2020

É o efeito da pandemia no lucro atribuível a acionistas. O resultado líquido total caiu 76,3% para 56 milhões. Isto apesar do volume de negócios ter subido 6,1% para 6.827 milhões de euros, um valor recorde. Dividendo proposto é de 4,86 cêntimos por ação, um aumento de 5% face ao ano passado

A Sonae SGPS encerrou o exercício de 2020 com um valor recorde de volume de negócios, que ascendeu a 6.827 milhões de euros, um aumento de 6,1% face ao ano anterior. Mas os efeitos da pandemia fizeram-se sentir "tanto ao nível operacional" como em termos de "reavaliação de ativos", fazendo com que o resultado líquido consolidado atribuível a acionistas tenha caído 57,2% para 71 milhões de euros. A queda do resultado líquido total foi, ainda, mais significativa, de 76,3%, para 56 milhões de euros.

Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a empresa liderada por Cláudia Azevedo dá conta que irá propor à Assembleia Geral de Acionistas o pagamento de um dividendo de 4,86 cêntimos por ação, o que representa um acréscimo de 5% face ao ano passado e corresponde a um dividendo yield de 7,4% com base na cotação de fecho a 31 de dezembro, que foi de 0,66 euros por ação. Os 4,86 cêntimos de remuneração acionista correspondem, ainda, a um payout ratio (rácio face ao lucro líquido gerado) de 85% do resultado direto consolidado atribuível aos acionistas.

"2020 foi um ano diferente. A pandemia Covid-19 impactou cada aspeto das nossas vidas e desafiou-nos enquanto organização. Enfrentámos disrupções profundas em áreas como a saúde e a segurança, o trabalho remoto, as cadeias de abastecimento e a aceleração digital. E não só estivemos à altura do desafio, como nos projetámos para o futuro", pode ler-se na mensagem da presidente executiva da empresa, que destaca a "solidez das operações" do grupo sustentada por uma "gestão ativa de alocação de capital".

"Implementámos várias iniciativas de preservação de liquidez em todos os negócios e refinanciámos importantes linhas de crédito de forma a fortalecer ainda mais a nossa estrutura de capital. O nosso portefólio continuou a mostrar a sua capacidade de geração de cash flow e a dívida líquida consolidada do grupo diminuiu 47 milhões de euros para 1.103 milhões nos últimos 12 meses", sublinha, ainda, Cláudia Azevedo, deixando claro que "2021 não será um ano fácil".

Sobre o exercício de 2020, diz a Sonae ao mercado que o seu desempenho consolidado num ano tão desafiante "provou os benefícios de possuir um portefólio equilibrado". Ou seja, apesar de alguns setores terem sido "afetados por severas restrições operacionais", globalmente o portefólio da Sonae apresentou um "desempenho notável", sustentado por "fortes propostas de valor, prontidão de resposta na frente digital e por uma rápida capacidade de adaptação a um contexto volátil", defende a empresa.

O volume de negócios cresceu 6,1% em termos homólogos, "fortemente impulsionado pelas vendas online". O total das receitas agregadas de e-commerce dos vários negócios da Sonae "mais do que duplicou", atingindo cerca de 480 milhões de euros.

Em termos de rentabilidade operacional, o EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 9,2% para 631 milhões, com o EBITDA subjacente a ficar-se pelos 593 milhões, menos 1,3%.

O resultado indireto foi negativo em 59 milhões de euros, que comparam com os 19 milhões positivos do exercício de 2019. O resultado de 2020 foi "impactado negativamente por uma redução de 91 milhões no valor das propriedades de investimento da Sonae Sierra", devido à pandemia, e "positivamente pelas reavaliações no portefólio da Sonae IM de 39 milhões de euros".

O investimento total do grupo atingiu os 502 milhões de euros, um crescimento homólogo de 25,7%, qiue corresponde a mais 103 milhões de euros do que no anterior. Um valor que, sublinha o comunicado, "demonstra a força financeira do grupo e confiança nas atuais estratégias dos seus negócios". No exercício em causa, a Sonae reforçou a sua posição da NOS e na Salsa, com a aquisição de posições de 7,35% e de 50%, respetivamente. "Adicionalmente, a Sonae IM manteve a atividade regular de M&A, a Sonae Sierra concluiu a transação do Sierra Prime e a Sonae MC executou transações de sale & leaseback, gerando um encaixe total de 335 milhões de euros".

A dívida líquida total caiu 4% para 1.103 milhões de euros. "As condições de financiamento do grupo permaneceram robustas. Em 2020, a Sonae manteve, apesar das difíceis condições de mercado, um custo da dívida estável de cerca de 1,2% (cerca de 1,0% excluindo a Sonae Sierra), e o perfil de maturidade média manteve-se acima de quatro anos", pode ler-se no comunicado. O grupo refinanciou mais de 750 milhões de euros em linhas de crédito de longo prazo. "De destacar os 225 milhões em empréstimos com enquadramento sustentável "ESG" e "Green" executados em 2020, que enfatizam o forte compromisso da Sonae com um futuro sustentável", acrescenta a empresa liderada para Cláudia Azevedo.

O ano ficou, ainda, marcado pela criação da Sierra Prime, uma joint-ventura da Sonae Sierra com a APG, a Allianz e a Elo, e que se assume como líder no setor de imobiliário de retalho, pela aquisição, pela Sonae Fashion, da totalidade do capital da Salsa e pelo reforço da posição da NOS, com a consequente dissolução da parceria na ZOPT (a parceria que tinha com Isabel dos Santos na empresa de telecomunicações portuguesa. "Quando concretizadas, estas operações irão garantir à Sonae uma posição autónoma de 33,45% na NOS", lembra. Por outro lado, a NOS concretizou a venda da NOS Towering à Cellnex por um encaixe total de 375 milhões de euros, mas que pode chegar aos 550 milhões.

Por fim, destaque ainda para a Arctic Wolf - líder em operações de cibersegurança - que, no último trimestre do ano, e após uma nova angariação de fundos com uma avaliação superior a 1,3 mil milhões de dólares, se tornou no segundo unicórnio do portefólio de investimentos da Sonae IM, com a Outsystems.

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