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É num laboratório de Carnaxide que milhares de computadores e telemóveis estão a ganhar uma segunda vida e a reduzir o lixo eletrónico no planeta. A empresa portuguesa Digiplanet nasceu em 2019 para recuperar estes equipamentos e colocá-los novamente no mercado a preços mais baixos. A procura de consumidores e de empresas disparou no ano passado por causa da pandemia e já há compradores de mais de dez países na Europa.
E o que são produtos recondicionados? "Pegamos em computadores e telefones que tiveram uma primeira vida e voltamos a introduzi-los no mercado com uma segunda vida, melhores do que quando eram novos. São equipamentos atualizados no sistema operativo e são melhores do que encontramos no retalho, que têm o mesmo preço mas são muito inferiores", explica ao Dinheiro Vivo o líder da Digiplanet, Guilherme Portela Santos.
O negócio começou há dois anos como uma experiência dentro do grupo Digiconta, fundado em 1976 e muito virado para as empresas. "Apercebemo-nos que há um problema gigante de lixo eletrónico, representando mais de 50 milhões de toneladas por ano. Não podemos descartar um telefone ou um computador perfeitamente funcionais só porque há um modelo mais recente."
Ao combate às emissões a Digiplanet juntou uma oportunidade de negócio, com várias etapas. A empresa compra centenas de computadores usados por empresas no mercado secundário; depois, os equipamentos são verificados e reparados no laboratório.
"Substituímos capas riscadas dos computadores, colocamos baterias novas, limpamos tudo e depois fazemos testes de stress, a correr vários programas em simultâneo. Poderemos substituir o software e outros componentes ou descartar o computador para depois servir para outras peças."
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Os computadores, personalizados, são depois postos à venda na página da Digiplanet, com um prazo de entrega de 24 a 48 horas em toda a Europa. Há um ano de garantia para os produtos em caso de avaria. Se o cliente não gostar, pode devolver o equipamento ao fim de 14 dias sem apresentar justificação.
Consumidores, escolas e empresas têm procurado cada vez mais equipamentos recondicionados. Em tempo de pandemia e de trabalho remoto, disparou a procura por computadores portáteis, que podem demorar semanas a chegar. "Houve dias com mais de 100 computadores pedidos, com ruturas importantes de stock durante o primeiro confinamento", recorda o dirigente da Digiplanet.
Além de Portugal e Espanha, França, Itália, Alemanha e Áustria são alguns dos países que mais procuram por estes produtos. Graças a isso, a faturação da Digiplanet atingiu um milhão de euros só no ano passado. O mercado internacional representou metade das receitas. "A Europa, em geral, está preparada para comprar produtos recondicionados, que podem mesmo durar mais tempo do que equipamentos novos."
Graças ao sucesso no novo negócio, a Digiconta "praticamente transformou-se toda na Digiplanet", que conta com uma equipa de 20 pessoas. O principal desafio passa por esclarecer os consumidores que "um computador recondicionado não é a mesma coisa de um computador usado, sem qualquer reparação".
Neste ano, a empresa pretende reforçar o capital social e atingir os três milhões de euros de receitas, com o crescimento ancorado no continente europeu.