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Toalhas de banho e mesa, com aquecimento e secagem inteligentes. Não é ficção científica. É o produto de nicho que a Têxteis JF Almeida vai lançar em breve no mercado, com o mercado de luxo, em especial spas e hotelaria, como destino. Foram desenvolvidos em parceria com o Citeve-Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal e o CeNTI-Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes.
É toda uma linha completa de banho, com chinelos, tapetes e roupão, peça esta que esteve, nesta semana, em exposição no showcase virtual da indústria na ISPO Munich, feira que neste ano decorreu em versão digital. Integra fios condutores e sistemas de aquecimento e sensorização inteligentes e autónomos, mantendo as características de flexibilidade, maleabilidade, leveza e toque do felpo. "Há soluções no mercado, mas que funcionam por acoplamento e colagem de bandas. A grande inovação destes produtos é a integração dos fios de aquecimento no processo de tecelagem da estrutura têxtil", explica Juliana Soares, responsável pelo projeto iHeatex por parte do CeNTI.
Resultado de três anos de investigação e desenvolvimento, a nova linha de produtos promete revolucionar os têxteis-lar. Cofinanciado pelo Compete 2020, o iHeatex representou um investimento elegível de 682 mil euros, comparticipados pelo FEDER em 470 mil. João Almeida, administrador da Têxteis JF Almeida, acredita que o roupão, em fase mais avançada, deverá estar no mercado no início de abril.
Os restantes estão em fase de ultimação de protótipos, orçamentação - designadamente custo de matérias-primas, hardware e firmware associado - e definição da estratégia comercial. Claro está já que este é um produto para nichos. "O preço final está a ser definido, mas será sempre um artigo de luxo que custará o dobro ou o triplo. A ideia é direcioná-lo para spas, unidades de tratamento, mercado hospitalar e, claro, para o segmento hoteleiro de gama alta", refere João Almeida.
Em termos de países, a JF Almeida fará uma "abordagem completa" aos seus mercados, com especial destaque para Europa e América do Norte. A Escandinávia será uma forte aposta.
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Já a toalha de mesa, cujo conceito geral é o mesmo, com a integração de fios condutores e sistemas de aquecimento na estrutura têxtil, para manter quentes os pratos na mesa, está em fase de registo de patente e a ideia é apostar no segmento da hotelaria e no private label para marcas de luxo. El Corte Inglès, Zara Home, H&M e Auchan são alguns dos clientes da JFA.
Líder de mercado nos têxteis-lar, a empresa de Moreira de Cónegos tem cariz familiar e emprega 640 pessoas nos quatro núcleos industriais, especializados em fiação, tecelagem, tinturaria e acabamentos e logística. Faturou, 45 milhões em 2019 e, apesar da pandemia, conseguiu fechar 2020 com uma quebra que "não chega a 10%". Desde o verão, o negócio retomou em força. "Tivemos o melhor dezembro e janeiro de sempre e estamos com bastante trabalho", garante, apesar de o mercado hoteleiro, muito importante para a empresa, "estar totalmente parado".
Exporta quase tudo o que faz direta ou indiretamente, sendo França, Espanha e Itália os principais mercados. Com as vendas para o continente americano a crescer muito, em especial na América do Norte, está agora a focar-se no Brasil, onde conta com uma equipa comercial em prospeção de mercado. A intenção é investir numa unidade de confeção no Paraguai, para aceder de forma mais fácil e sem taxas ao mercado brasileiro, um investimento atrasado pela pandemia.
A aposta na inovação e desenvolvimento, mas também na sustentabilidade tem gerado investimentos contínuos: 10 milhões em 2019, e 5,1 milhões em 2020, designadamente no aumento da capacidade produtiva. Para 2021 estão previstos 4 milhões.