Small Portuguese Hotels, a união que faz a força

Coleção junta 140 hotéis permitindo que, em termos de informação e marketing, funcionem como uma cadeia. Líder da empresa está otimista para 2022.

Até ao início de 2020, a atividade turística ia de vento em popa para muitos destinos. As viagens de negócios eram muitas e havia uma tendência crescente de mudança nestes viajantes: já não queriam apenas a componente de trabalho, mas também aproveitar para desfrutar de um dia ou dois naqueles locais (denominado em inglês por bleisure travel). A missão da portuguesa Great Hotels of the World, que em 2018 se focou mais no segmento bleisure, é fornecer aos grandes hotéis independentes do mundo - têm uma coleção de cerca de 60, em 40 destinos internacionais - serviços e ferramentas de marketing para melhorar a operação. Mas quando a covid se fez pandemia, paralisando quase totalmente o turismo, a equipa decide tirar novo projeto da gaveta.

Pedro Colaço recorda que, nessa altura, a "indústria estava a passar um mau momento" e "nós somos portugueses e tínhamos um projeto na gaveta chamado Small Portuguese Hotels que era quase o oposto do Great Hotels of the World".

"A nossa lógica para a Small Portuguese Hotels era focada no mercado interno. Pensávamos que este poderia, potencialmente, salvar o verão. Investimos rapidamente em montar uma marca que estava conceptualizada mas não executada. Montamos a marca e o site, falámos com os hotéis e rapidamente construímos uma coleção com cerca de 140 hotéis em todo o território nacional, incluindo as ilhas", acrescenta o CEO da Great Hotels of the World.

Se antes da pandemia o mercado interno representava cerca de um terço da ocupação das unidades de alojamento para turistas em Portugal, a chegada em força da covid mudou esse paradigma e as férias passaram a ser muito mais "vá para fora cá dentro". Segundo os dados do INE, de 25,7 milhões de dormidas realizadas nas unidades de alojamento em 2020, mais de 13,5 milhões foram de residentes. Já os números até novembro de 2021 indicam que de 24,8 milhões de dormidas mais de 13 milhões foram de residentes.

Pedro Colaço considera que a grande dificuldade de um hotel independente "é a falta de acesso a uma rede de conhecimento". "Se for uma grande marca, há uma equipa centralizada que está a seguir as tendências, que consegue olhar para os números, ver de onde vem a procura, fazer uma análise macro e depois individualizar" por unidade, mas não um pequeno hotel. E é isso que a Small Portuguese Hotels faz.

"Pusemos os [nossos] hotéis no mapa; fizemos com que fossem conhecidos. O nosso objetivo no primeiro ano foi gerar mais reservas diretas para os nossos clientes porque, na realidade, na pandemia, os consumidores finais queriam falar com os hotéis. Esta ligação direta aos hotéis pequenos foi muito importante, assim como termos montado a marca numa lógica de queremos é dar-vos exposição", explica o responsável. Por isso, o balanço da atividade em 2020 "foi genericamente positivo. Conseguimos muita cobertura para os nossos hotéis".

O modelo de negócio desta marca assenta numa comissão sobre as reservas. "Uma comissão mais baixa do que a generalidade dos outros canais" e com outras duas vertentes, explica Pedro Colaço. 1% do valor da reserva é dado à rede de emergência alimentar do Banco Alimentar . Além disso, foi criado um programa para tentar incentivar as pessoas a voltarem a reservar através dos Small Portuguese Hotels, em que é dado 5% em compras online.

Apesar dos dados estatísticos relativos ao ano passado ainda não estarem disponíveis, é possível verificar que as unidades de alojamento para turistas em Portugal contaram com uma aceleração do número de hóspedes entre junho e outubro. As dormidas foram em crescendo entre junho e agosto e depois sofreram uma diminuição em setembro e outubro. Ainda assim números bastante superiores aos registados em 2020.

"De junho a agosto o crescimento foi exponencial e de agosto a outubro tivemos ocupações muito boas em todos os hotéis [da marca] - entre 75% e 85% de 2019. Em novembro surgiu a Ómicron e, na realidade, já não esperávamos que os governos criassem obstáculos às viagens. Houve um bocadinho de pânico pela Europa fora e isso acabou pode deixar um amargo de boca em 2021 que, em termos de números não é assim tão relevante, mas em termos de sentimento para entrar em 2022 criou um sentimento mau", diz.

Otimismo para 2022
Pedro Colaço considera que a estabilização do setor só acontecerá em 2023, mas assume que está otimista para 2022. "Há muitas reservas para janeiro, começa a haver já muitas reservas para fevereiro; março nem tanto, mas abril, maio e junho estão com um nível de reservas muito bom. As pessoas estão a tirar partido de os preços estarem bons e dos cancelamentos continuarem flexíveis", diz.

Mostra-se confiante que "2022 será muito melhor que 2021. Acho que o verão vai ser francamente tão bom ou melhor do que o de 2021. A questão é como será o próximo inverno", se vai ou não surgir uma nova variante.

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