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O sucesso mundial de bandas, como os Beatles, e a qualidade de estúdios de gravação, como o de Abbey Road, durante as décadas de 60 e 70 do século vinte, foram determinantes para a democratização da alta-fidelidade.
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Marcas cujos equipamentos reproduziam o som de forma natural, com design apelativo e preços acessíveis, surgiram por causa da tenacidade dos seus fundadores, como a Cambridge Audio, que foi criada por Gordon Edge e Peter Lee na cidade homónima de Cambridge em Inglaterra em 1968.
O seu primeiro amplificador, o P40, tinha um design que se tornou intemporal, que está em voga atualmente, estreou novas tecnologias e fez história ao ser o primeiro a utilizar um transformador toroidal.
Para celebrar os 50 anos da marca, foi pedido aos engenheiros que criassem algo muito especial
Para celebrar os 50 anos da marca, foi lançado, durante um briefing, um desafio a uma equipa de nove engenheiros para criarem algo muito especial: "Esqueçam o custo e as limitações. Criem um sistema capaz de reproduzir camadas de detalhe, transparência e imagem estereofónica sem precedentes". Passados três anos, surgiram os componentes que fazem parte da "Edge Series", cujo nome homenageia um dos seus fundadores Gordon Edge, e de que faz parte o amplificador integrado Cambridge Edge A.
O preço a pagar pela liberdade dada aos engenheiros da Cambridge Audio tem um custo de mais de seis mil euros, o que pode ser uma surpresa para quem conhece os produtos da marca. É verdade que na década de 1980 a Cambridge Audio teve um dos leitores de CD mais caros do mercado, o CD1, que na altura custava 1 500 libras, quando os reprodutores mais caros custavam 1/3 do preço. Masn nas últimas décadas, a sua gama de produtos tem sido pautada por boa qualidade a preços razoáveis, como é o caso do amplificador multipremiado CXA81 que custa 1 200 euros.
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Cambridge Audio Edge A
O ato de retirar o Edge A da caixa para o instalar no local para a audição deverá ser partilhado com outra pessoa, se não quiser correr o risco de contrair uma hérnia discal. O chassis em alumínio deve pesar uma grande parte dos seus 25 kg e os dois massivos transformadores toroidais colocados simetricamente opostos - que o fabricante diz servir para cancelar as interferências magnéticas - também terão o seu contributo.
O design industrial do Edge A, é um tributo ao minimalismo e parece ter sido encomendado aos designers da Apple
É impossível não reparar no design industrial do Edge A, que é um tributo ao minimalismo e parece ter sido encomendado aos designers da Apple, com o acabamento em "Space Gray". A frente é dominada por um enorme controlo de volume rotativo que tem um segundo anel para selecionar as fontes. Para além disso, existe apenas mais um botão para o ligar e uma entrada para auscultadores. A sua caixa com os cantos arredondados e dissipadores laterais sai um pouco fora das medidas standard dos componentes de alta-fidelidade, por isso recomenda-se a sua colocação num móvel de qualidade.
Minimalista no design, mas não nas funções, os engenheiros da Cambridge Audio foram mais além para que este amplificador integrado fosse uma solução para a forma como a maioria das pessoas ouvem música atualmente. Assumindo que é a escolha de um audiófilo com filhos adolescentes, estes também podem ouvir música a partir do seu smartphone através da ligação Bluetooth com aptX HD. Tem também um excelente DAC interno que na entrada USB suporta resoluções em PCM até 32/384 e DSD256, mas não descodifica ficheiros MQA. Para além disso, está equipado com uma entrada ARC para poder receber som do televisor e ainda tem um controlo remoto bem desenhado, funcional, e que funciona bem na mão.

Cambridge Audio Edge A
Com uma potência anunciada de 100 Watt por canal para uma carga de 8 ohms, será capaz de lidar com as colunas mais difíceis, no entanto, quem precise de mais potência pode comprar os monoblocos Edge M que sobem a fasquia para 200 Watt cada um. A topologia utilizada promete uma sonoridade igual à da Classe A com a eficiência aproximada da Classe A/B. A Cambridge Audio chamou-lhe Classe XA e funciona com voltagem adicionada à polarização para eliminar qualquer distorção.
Sendo dono de um Cambridge Audio CXA80 há alguns anos, conheço razoavelmente bem a assinatura sonora da marca que se pauta por um som limpo, detalhado, dinâmico e com um grande palco sonoro. No Edge A, todas essas características são superlativas, acrescentando mais uma: a quietude, ou seja, tem uma total ausência de ruído, tanto quando está a tocar, como quando não está a receber sinal e se aumenta o volume até ao máximo.
O Edge A deixa fluir a música até às colunas da forma mais transparente possível
Em funcionamento, o Edge A é um amplificador extremamente competente no cumprimento da sua função, ou seja: deixar fluir a música até às colunas da forma mais transparente possível. A compatibilidade entre estes dois componentes num sistema de alta-fidelidade nem sempre é conseguida à primeira como foi com as Bowers & Wilkins 705 S3. A sinergia entre eles foi imediata desde o primeiro momento que os ligámos, as B&W já estavam rodadas, mas o Edge A, que nunca tinha tocado, precisou de uns dias para atingir o seu esplendor.

A sinergia entre o Cambridge Audio Edge A e as Bo wers & Wilkins 705 S3 foi imediato.
Utilizando o DAC interno, concluímos que quando a música é bem gravada, a norma "Red Book" criada para o CD com a resolução de 16-bit e 44,1 kHz é mais que suficiente para chegarmos ao nirvana da reprodução musical. Ouvirmos o tema "Slow Like Honey" do álbum de estreia de Fiona Apple em 1996 "Tidal" foi como receber um abraço quente numa noite de inverno. A artista é colocada literalmente na nossa frente: podemos ouvir na sua voz lânguida e melancólica pormenores como a proximidade ou quando se afasta do microfone, bem como a colocação dos restantes instrumentos no palco sonoro.
O Edge A não tem um género musical preferido, qualquer escolha que se faça, a reprodução é convincente. Passando para o metal, e desta vez utilizando uma fonte analógica no formato vinil, no tema "Orion" do álbum conceptual "Master of Puppets" do grupo Metallica de 1986, uma edição dupla especial em 45 rpm, o bombo da bateria de Lars Ulrich é replicado da forma vigorosa, tal como ele toca. A profundidade do baixo é uma homenagem ao falecido Cliff Burton e os solos de guitarra de Kirk Hammett fazem-nos crer que somos campeões de "Air-Guitar".
Com o Edge A, a Cambridge Audio volta a inovar com um produto tecnologicamente avançado, que homenageia Gordon Edge e que certamente o deixaria orgulhoso da marca que fundou.
Amplificador integrado Cambridge Audio Edge A: 6 499 euros em My HiFi House