Escassez de chips e componentes leva a quebra de 6,7% nas vendas de smartphones

O mercado global, que vinha crescendo a dois dígitos nos últimos trimestres, sofreu um revés devido aos problemas na cadeia de fornecimento

As vendas mundiais de smartphones contraíram 6,7% no terceiro trimestre de 2021, numa reversão total da tendência que se verificara nos trimestres anteriores. Apesar de a procura continuar em alta, a escassez de componentes e a disrupção geral na cadeia de fornecimento penalizaram o mercado, numa reversão que surpreendeu os analistas pela sua dimensão.

"Os problemas da cadeia de fornecimento e escassez de componentes finalmente fizeram-se sentir no mercado de smartphones, que até agora parecia quase imune a esta questão apesar do seu impacto adverso em muitas indústrias adjacentes", explicou a analista Nabila Popal, da IDC. "Na verdade, o mercado nunca esteve totalmente imune à escassez, mas até há pouco tempo esta não era severa o suficiente para causar um declínio nas remessas e estava apenas a limitar a taxa de crescimento."

Com o arrastar da situação, os problemas acumularam-se e agora todas as fabricantes estão a ser afetadas. Além da escassez de componentes, frisou a analista, a indústria também está a ser atingida por problemas logísticos e de produção fabril na Ásia.

Isso mesmo foi algo de que o CEO da Apple, Tim Cook, falou após a apresentação dos resultados trimestrais da marca, que ficaram aquém das expectativas precisamente por causa desta questão. O CEO respondeu a inúmeras perguntas dos analistas sobre o problema, uma vez que a marca antecipa que a penalização das receitas vai alargar-se no próximo trimestre, não havendo fim à vista para as dificuldades.

"Apesar de todo o esforço para mitigar o impacto, os objetivos de produção das maiores fabricantes foram todos ajustados em baixa", confirmou Nabila Papal. "Com a procura a manter-se elevada, não antecipamos que os problemas de fornecimento sejam aliviados antes do próximo ano."

Samsung cai, Apple sobe

De acordo com a IDC, venderam-se 331,2 milhões de smartphones no terceiro trimestre, com a Samsung no topo mas a perder quota de mercado. A fabricante sul-coreana vendeu 69 milhões de unidades, o que representa uma quebra de 14,2% nas remessas e, como tal, a sua quota de mercado recuou 1,9 pontos percentuais para 20,8%.

Na segunda posição, pelo contrário, a Apple deu um salto de 20,8% nas vendas, para 50,4 milhões de iPhones. Isto permitiu-lhe ganhar território no ranking global, passando de 11,7% no período homólogo para 15,2% de quota de mercado.

Em terceiro lugar aparece a Xiaomi, que seguiu a tendência da Samsung e também caiu (-4,6%), apesar de até ter melhorado ligeiramente a quota (de 13,1% para 13,4%).

As outras duas fabricantes chinesas que compõem o top cinco, vivo e OPPO, até subiram as vendas em 5,8% e 8,6%, respetivamente, atingindo ambas 10% de quota.

No que toca a regiões, a Europa Central e de Leste sofreu o maior declínio nas vendas de smartphones, um tombo de 23,2%. Seguiu-se a Ásia-Pacífico (excluindo Japão e China), com uma quebra de 11,6%. A Europa Ocidental caiu bastante menos, 4,6%, e nos Estados Unidos o recuo foi de apenas 0,2%. A China caiu 4,4%. Segundo a IDC, a diferença de impacto não se deve à procura mas sim ao facto de estas três regiões - Europa Ocidental, Estados Unidos e China - serem favorecidas pelas fabricantes de smartphones na hora de alocar inventário num contexto de escassez.

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