- Comentar
Entre os 3200 expositores que estiveram no regresso da grande feira de tecnologia CES, houve inovação made in Portugal de três empresas nacionais que foram a Las Vegas em busca da expansão do negócio. Noras Performance, BestHealth4U e Omniflow mostraram tecnologia na área do salvamento, saúde e energia. Este foi o maior evento tecnológico do ano, que atraiu mais de 115 mil participantes e marcou um retorno à normalidade após dois anos difíceis por causa da covid.
Relacionados
Boia salva-vidas portuguesa premiada na grande feira de tecnologia CES Las Vegas
Galp lidera sustentabilidade entre empresas do setor no 'Dow Jones Sustainability Indices'
Empresários consideram criação de novos negócios essencial para estabilidade económica
A Noras Performance, uma empresa de Torres Vedras, investiu num stand de grandes dimensões para mostrar a sua boia high-tech U SAFE, um equipamento feito de plástico anti-corrosivo que se atira à água e é guiado remotamente para alcançar a pessoa que se está a afogar. O CEO Jorge Noras disse ao Dinheiro Vivo que ficou agradavelmente surpreendido com o interesse demonstrado no produto por parte do exército norte-americano.
"Apareceram aqui vários militares cuja função, neste que é o evento tecnológico mais importante do mundo, é descobrirem que produtos podem interessar ao governo", explicou o responsável. "É uma preocupação que não vimos noutros eventos noutros países", referiu. "Foi muito bom para nós. Fomos muito visitados por esse perfil de pessoas e com muito interesse na bóia."
A Noras Performance fabrica as boias em Torres Vedras e patenteou a criação, um projeto que demorou vários anos a estar pronto para comercializar. "Inclusive os conectores tiveram de ser desenvolvidos e produzidos internamente, porque não há conectores para esta potência e dimensão à prova de água."
A U SAFE já está a ser vendida a guardas costeiras na Europa, como Itália e Suécia e o próximo passo é entrar na América do Norte. Não só Estados Unidos mas também Canadá, que está a conduzir testes ao produto. Iates, concessões de praias e outros segmentos relacionados também fazem parte da estratégia da empresa. Na CES 2023, a U SAFE foi distinguida com um prémio de inovação na categoria "Human Security for All."
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Outra invenção portuguesa que esteve na feira foi a Omniled, uma luminária desenvolvida pela Omniflow na zona industrial do Porto e que já chegou a 35 países. A luminária alimenta-se com energia solar e eólica e permite adicionar serviços conforme a necessidade dos clientes, tais como Wi-Fi, 5G, câmaras, sensores de qualidade do ar e outros. O CEO Pedro Ruão disse ao Dinheiro Vivo que a ida à CES, integrada no Pavilhão Europeu, foi sobretudo em busca de mais parceiros e clientes para avançar no plano de expansão nos Estados Unidos. As valências da Omniled já garantiram vários projetos na Califórnia.
"O nosso objetivo não é só poupar energia mas também a sustentabilidade, que passa muito por evitar construções novas", explicou o responsável. "Nas cidades inteligentes, por exemplo: Lisboa tem postes de iluminação mas precisa de sensores de qualidade do ar e faz um concurso de milhões de euros para os instalar. Depois precisa de contar os veículos e faz mais concurso um para monitorizar o trânsito", exemplificou. "Precisa de Wi-Fi público, mais um. São infraestruturas públicas que precisam de energia, de comunicações, e tudo isto é redundante", argumentou.
"Nós, com esta plataforma inteligente, conseguimos evitar uma camada de novas infraestruturas na cidade, o que poupa muito dinheiro aos contribuintes." As luminárias custam entre dois e quatro mil euros e a Omniflow consegue fazer o "retrofit" de luminárias já existentes.
O que ainda não chegou ao mercado é a criação da BestHealth4U, que desenvolveu adesivos que se ligam à pele sem colar para a área médica. A CEO Sónia Ferreira explicou que o Bio2Skin, o adesivo original, está em processo de certificação para ser integrado em produtos finais, como pensos e sacos de ostomia. A outra novidade, o adhesiv.AI, terá de passar por testes clínicos e receber aprovação do regulador norte-americano FDA, uma vez que poderá ser vendido ao consumidor final. Este trata-se de um adesivo com sensores cromáticos que mudam de cor conforme a evolução da ferida por baixo do penso. A BestHealth4U desenvolveu uma aplicação com algoritmos de aprendizagem de máquina que analisam as cores para perceber se o penso tem de ser mudado ou não.
"Na área dos sensores cromáticos, não tenho conhecimento de que haja alguma coisa assim no mercado", disse Sónia Ferreira. "Cada um dos sensores tem uma cor específica e conseguimos saber dentro daquele padrão que está associado à presença de determinadas coisas."
Por exemplo, se a temperatura aumentar a cor vai mudar. "Isto aplica-se, por exemplo, em caso pós-cirúrgico", indicou. "Tem uma cicatriz que numa situação normal precisava de ficar no hospital para ver como recupera mas assim pode ir para casa e está monitorizado." Isto pode ser usado também em feridas crónicas, como o pé diabético. "Os diabéticos têm dificuldade em cicatrizar feridas e o processo pode ser mais longo e isto dá-lhes alguma qualidade de vida, são menos viagens e o profissional de saúde fica mais disponível para outros cuidados."
O Bio2Skin vai para o mercado em 2023 e o adhesiv.AI, se tudo correr bem, em 2024.