Saiu-lhes a fava: vendas de óculos de realidade virtual e aparelhos da casa inteligente em queda

Vendas caem em 2022 com expectativa de regresso ao crescimento no próximo ano.

Num ano mau para o sector tecnológico, nem os segmentos que estavam a desafiar a gravidade conseguiram evitar reveses em 2022. O ano deverá fechar com as vendas de óculos de realidade virtual e aumentada a tombarem 12,8% e os dispositivos da casa inteligente (smart home) a recuarem 2,6%. São dados da consultora IDC, que divulgou relatórios separados com uma tendência comum: este final de ano é para esquecer.

"Em cima de um cenário económico duro e preços a aumentarem, a IDC reduziu a sua previsão para os óculos de realidade aumentada e realidade virtual no que resta de 2022 e mais à frente", disse a consultora em comunicado. Serão vendidos menos 9,7 milhões destes aparelhos AR/VR que no ano anterior, algo que não se esperava até há pouco tempo.

Além dos fatores económicos e inflacionários, esta quebra também se deve ao momento do mercado. A Meta tem dominado as vendas com o Quest 2, que até setembro dominou 84,6% do mercado, seguida pela ByteDance com o Pico, que captou 7,4% de quota. No entanto, espera-se que a Sony lance uma nova geração de óculos em 2023 e há fortes indícios de que a Apple vai entrar no mercado com toda a força.

"Com o aumento do prelo do Quest 2 e o preço premium esperado para o PSVR2 e para o aparelho da Apple, é provável que os consumidores sejam mais reticentes com os seus gastos num futuro próximo", explicou o analista Jitesh Ubrani. Por outro lado, o crescimento no segmento comercial vai acelerar mais que no consumo, com as empresas a investirem em óculos VR para fazer formação e outros casos de utilização que capitalizam na mistura VR/AR (realidade misturada ou estendida).

No mercado da casa inteligente, a quebra será mais suave mas ainda assim pior que o esperado. A IDC prevê que se vendam 874 milhões de unidades, menos 2,6% que no ano anterior, com as piores quebras a verificarem-se nos altifalantes inteligentes e dispositivos de entretenimento vídeo (como aparelhos para fazer streaming na televisão). A consultora atribui o declínio à deterioração das condições macroeconómicas.

"As remessas de aparelhos smart home sofreram um impacto significativo devido às disrupções da cadeia de abastecimento", frisou o analista Adam Wright. "Além disso, estamos a assistir a uma pressão em baixa da procura em 2022 com a inflação a apertar os bolsos dos consumidores." O analista prevê que a volatilidade continue a inibir o crescimento do mercado em 2023 e nos anos seguintes.

Jitesh Ubrani acrescentou que, embora os altifalantes inteligentes (como o Echo da Amazon e o Home da Google) tenham ajudado a catapultar esta categoria, o seu brilho esmoreceu nos mercados maduros, como Estados Unidos e China.

"Os "smart speakers" vão agora depender dos mercados emergentes e sítios como a Europa onde a língua e a escassez de serviços foram barreiras à sua adoção no passado."

Ambos os segmentos deverão voltar a crescer em 2023, embora a ritmos bem distintos. No caso dos óculos de realidade virtual e aumentada, a IDC espera ver um impulso de 31,5% e o início de um período de expansão sustentada.

Já nos dispositivos "smart home", a subida será modesta - 4,6%, com a maior parte do crescimento a vir da China e mercados emergentes.

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