42 Lisboa: "Estamos muito orgulhosos pelos nossos primeiros finalistas fantastic five"

Carolina Fulcher, diretora de Comunicação da escola de software, fala dos primeiros bacharéis diplomados em Portugal e desta instituição internacional sui generis.

São os "cinco primeiros alunos a terminar o curso da 42 em Portugal. Com backgrounds bastante diferenciados, iniciaram o curso na 42 Lisboa em 2021 e acabam de terminar o chamado Common Core, que dita o fim do curso e pode ser comparado a um bacharelato". Foi assim que a 42 Lisboa divulgou esta semana o fim da viagem dos seus primeiros bacharéis, o que motivou um contacto com a sua diretora de Comunicação por parte do Dinheiro Vivo para obter uma reação e ficar a conhecer melhor a história. "Estamos muito contentes e orgulhosos pelos nossos primeiros finalistas fantastic five, porque é um trabalho muito longo, de muita resiliência da parte deles", disse a responsável.

E isto porquê? A Escola 42 é sui generis. Considerada a melhor escola de software development do mundo, afirmam os próprios - tem mais de 15 mil alunos em 26 países e a Portugal chegou à capital em 2020 e ao Porto no ano passado -, oferece um método inovador e gamificado, que promove a aprendizagem sem salas de aula, sem horários e sem professores. Os alunos aprendem com os seus pares, fazendo investigação e projetos, que apresentam no final de cada nível para passarem ao seguinte.

"Só depende deles terminarem o curso, entregarem os projetos: como não há horários, não há ninguém a controlar, eles têm total autonomia para se organizarem e entregarem o seu projeto", sublinha Carolina Fulcher, daí o grande orgulho que a escola sente nos seus diplomados.

"Ao longo do ano vamos ter outros finalistas que vão completando esta primeira parte do curso, não um momento em que muitos terminam", como nas outras universidades, frisa a responsável. Aliás, a 42 Lisboa tem, sublinha, dois inícios de curso por ano, a que chamam Kick-offs. "Desde que a escola abriu, em 2020, em Lisboa, já contámos com cinco kick-offs e mais de 500 alunos."

O que não impede que, neste momento, a escola da capital tenha uma lista de espera já de 36 mil candidatos e a 42 Porto 3000. Isto é, candidatos que já passaram pelos dois testes online (de lógica) e ficaram aprovados e que agora aguardam pela vez de serem chamados à visita às instalações da escola e à passagem pelo teste final para entrarem.

A derradeira prova de fogo

A visita à 42 Lisboa é essencial para os candidatos conhecerem a escola e perceberem se é mesmo aquilo que querem: espaços abertos, sem professores ou supervisores, liberdade total, até de horários - se quiserem podem até estudar toda a noite. Carolina Fulcher conta que há alguns candidatos que percebem logo, que desistem logo na visita. Só então vem a prova de fogo.

"Depois desta visita existe ainda um bootcamp de 26 dias, que se chama piscine, em que a pessoa tem a oportunidade de experimentar este método para ver se é mesmo isto que quer e se se adapta, porque nem toda a gente está habituada a ter tanta autonomia e a não ter sempre alguém em cima para garantir que entrega os projetos."

Assim, quanto à alegada lista de espera dos candidatos, corrige Carolina Fulcher: "As candidaturas estão abertas 365 dias por ano e já temos mais de 36 mil candidatos registados. Depois as piscine têm é vagas limitadas e só entra quem passou nos testes online e se inscreve primeiro. Temos quatro piscines por ano e por isso é importante ficarem atentos a quando publicamos as datas para garantirem a sua vaga."

Por exemplo, quem entrar agora no site da 42 Lisboa, a primeira informação que vê logo a letras bem grandes e gordas é que as próximas piscines vão ocorrer de 24 de julho a 18 de agosto e de 27 de agosto e 22 de setembro.

Voltando ao ingresso na 42 Lisboa, quem gosta de programação e se dá bem com o método de aprendizagem da escola, então fica com a expectativa de, no espaço mínimo de 3 anos, poder estar não apenas empregado como realizado numa profissão de que gosta.

Carolina Fulcher confessa que a 42 Lisboa e a sua congénere do Porto ainda são demasiado recentes no país para afirmar que garantem 100% de empregabilidade - só agora estão a ser diplomados os seus primeiros finalistas. Isto apesar de "100% Emprego" ser uma das bandeiras da escola logo na página de entrada do seu site.

Mas admite que a escola, presente em mais de 20 países, integra uma rede internacional e existe uma "plataforma do curso [em que] os alunos têm contacto com os de todo as outras 42 que existem no mundo e vão sendo divulgadas oportunidades no mundo inteiro".

Além disso, os alunos ao longo do curso e do desenvolvimento de projetos vão estabelecendo relações de proximidade com os mecenas da 42. "Na verdade, o que nós preconizamos é muito a autonomia do aluno e eles tentarem procurar por si próprios o seu caminho. Nós damos apoio, como é óbvio, mas normalmente eles também não têm muita dificuldade em encontrar oportunidades naquilo que gostariam, no caminho profissional que querem seguir", afirma a diretora de Comunicação da 42 Lisboa.

E depois do curso...

Findo o curso, segue-se um estágio pago. Aliás, faz Carolina Fulcher questão de salientar, todo o curso é inteiramente grátis, suportado pelos muitos mecenas da 42, entre os quais se conta a Fundação Santander Portugal.

Seja como for, independentemente dos estágios, quatro dos finalistas já estão a trabalhar na sua área de formação e um até vai integrar a equipa da 42 Porto. É o caso de Tiago Santos, de 31 anos, que antes de ingressar na 42 Lisboa era estofador numa fábrica de automóveis. Hoje diz: "Formar-me na 42 abriu-me novas portas para um mundo profissional com melhores condições e uma boa perspetiva de carreira."

Aliás, um dos fatores que Carolina Fulcher salienta é não ser necessário qualquer grau académico para concorrer à 42 Lisboa, basta ter o 12.º ano concluído. Assim, entre os finalistas, André Hernández, mexicano de 21 anos a viver em Portugal já há alguns anos, esteve a estudar Computer Science Engineering no ISCTE, mas queria mesmo era o lado prático da programação. Hoje é programador na consultora Vitalis.

Eduardo Julião, com 19 anos, um dos mais jovens da 42 Lisboa, foi apaixonado por programação desde os 12 e aprendeu o que pôde de forma autodidata. Assim que terminou o 12.º ano, nem perdeu tempo a tentar universidades: concorreu logo à 42, entrou e agora já está a trabalhar na Miles in the Sky.

Já João Ceia é engenheiro físico pelo Técnico, com uma especialização em Matemárica feita em Paris e um mestrado em Gestão pela Nova, mas foi aprender programação à 42 Lisboa e quer estabelecer-se como freelancer.

Nesta fotografia de fim de curso só falta mesmo Manuel Sousa, que vive na Bélgica, estudou Hotelaria e teve vários empregos, que foram do trabalho numa produtora de eventos, a chefe de cozinha, passando por trabalhar num navio de cruzeiro, estando por último a explorar um Alojamento Local. Hoje é software engineer numa startup do cryptomarket.

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