Ana Moniz veio do Bombarral vencer "Nobel" da Educação

Os 30 mil euros que o parceiro Fundação Santander acrescenta ao galardão serão usados em equipamentos didáticos, diz docente.

Ana Moniz, professora de Educação Especial no Agrupamento de Escolas Fernão Pó, no Bombarral, ensina crianças com trissomia e autistas, alguns mesmo com autismo severo. O seu impacto quer nos alunos, quer na na comunidade em seu redor - porque é esse o principal critério do prémio - só pode ter sido notável já que a docente foi de entre dez finalistas a vencedora do Global Teacher Prize 2023, ontem entregues no Instituto Superior Técnico. Para "casa" leva os 30 mil euros que estão associados a esta espécie de Prémio "Nobel" da Educação. Ao Dinheiro Vivo, Ana Moniz contou os planos que tem para este montante.

"É dar continuidade ao trabalho que eu estou a fazer", afirmou de imediato. "Portanto, tenho de arranjar aprendizagens diversificadas, aprendizagens substitutivas do currículo e do desenvolvimento do aluno como a canoagem, a hidroterapia, a hipoterapia, como o trabalhar com os animais - há cães que se viu que o trabalho com os autistas é fantástico -, há robôs que ajudam também o autista a interagir. Portanto, eu tenho uma panóplia de respostas para potenciar os elementos destes alunos." Mas há mais: "Paralelamente, e no meu seio escolar, eu gostaria muito de criar um espaço, uma sala de aula interativa, como se faz no estrangeiro, um makerspace, em que os alunos estão lá e cada um está a fazer a sua coisa, para lhes dar um retiro, porque muitos dos alunos do 5.º e 6.º ano acabam a escolaridade à hora do almoço e vão sozinhos para casa."

É por este espírito de missão, que reconheceu ter no seu discurso de aceitação do prémio e por não se deixar deter perante os obstáculos que Ana Moniz decerto é tão impactante e acabou por merecer o prémio. "Sou uma chata", reconheceu, dirigindo-se ao vereador da Câmara Municipal do Bombarral, dirigentes e colegas presentes na cerimónia. "A minha grande missão durante todos estes anos, o meu maior desafio é levar a que os docentes, os meus colegas de profissão, façam uma pedagogia mais diferenciada de forma a poderem incluí-los."

E acrescentou: "E depois tenho um síndrome qualquer que é: o não causa-me urticária. Não?! Só não há remédio para a morte, não é? Estar na escola para abanar a cabeça e fazer bonito não contem comigo. A minha vida é assim: criar sinergias, trazer a escola apara a comunidade e a comunidade para a escola".

Em tom de conclusão, Ana Moniz afirmou apenas: "O que quero e pretendo é que os meus meninos saiam de lá cidadãos em seu pleno direito, cidadãos respeitados, respeitadores, inclusos e empreendedores."

Este ano, foi pela primeira vez atribuída uma Menção Honrosa dedicada a Educadores de Infância. O vencedor, também de entre dez finalistas, foi Nuno Gonçalves, do Centro Social Paroquial Chaves. Ao aceitar o prémio, o educador agradeceu à UNICEF e disse: "Temos de estar todos os dias encantados para encantarmos as nossas crianças".

Ana Moniz (ao centro, de vermelho) com os restantes finalistas. Atrás (3.º a contar da esq.) Nuno Gonçalves, educador vencedor da Menção Honrosa.

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