Já se contam quase três meses de combate ativo por parte do Instituto Superior Técnico (IST) à pandemia do coronavírus. Aproveitando o programa de emergência do Santander Universidades, que reorientou mais de dois milhões de euros do mecenato académico para a luta ao Covid-19, o IST foi das primeiras instituições do ensino superior em Portugal a aceitar o desafio. “Recrutando” a ajuda de várias dezenas de voluntários – entre alunos, professores, cientistas e investigadores –, lançou-se a fazer testes de diagnóstico e a produzir zaragatoas para a recolha de amostras.
“A partir do início de abril o Instituto Superior Técnico envolveu-se em dois grandes projetos, que foi o das análises , certificando alguns laboratórios que temos aqui, nomeadamente o de Ciências Biológicas, e também a produção de zaragatoas que, no início de abril estavam quase totalmente indisponíveis”, explicou Rogério Colaço, presidente do IST.
Só no polo da Alameda, foram 35 os voluntários que responderam à chamada, entre eles Andreia Pimenta, que está a tirar o doutoramento em Biotecnologia e Biociências, no IST. “O meu envolvimento foi como voluntária na parte dos diagnósticos moleculares: basicamente, estive no IST a fazer o diagnóstico das amostras que nos foram chegando”.
Andreia Pimenta conta que, agora a sua participação já é mais “esparsa” – até porque, entretanto, mais voluntários foram aderindo à iniciativa –, mas de início trabalhou sete dias por semana e entre 10 e 12 horas por dia.“Começávamos mais ou menos a partir das nove da manhã, às vezes mais cedo, para preparar o material todo e saíamos já depois das 10 ou 11 da noite", avançou.
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Segundo os dados mais recentes que tem, ao todo já foram feitos no IST cerca de 4.200 testes, mas só 20 deram positivos. As amostras vêm de toda a região de Lisboa e Vale do Tejo e são recolhas feitas maioritariamente junto dos funcionários de lares de idosos, das várias dependências da Universidade de Lisboa e de operários da construção civil.
“Achei que o meu conhecimento enquanto cientista e o meu know-how, neste tipo de testes, podiam ser importantes e que podia mostrar, de facto, a importância da ciência para ajudar a sociedade de uma forma imediata”, disse Andreia Pimenta, explicando a razão de se ter voluntariado.
A par dos da Alameda, há mais voluntários do IST dedicados a esta luta nos laboratórios do Campus Tecnológico e Nuclear, em Sacavém, onde o trabalho ainda é mais perigoso. São eles que tornam inativo o vírus, antes de enviarem as amostras para a Alameda, e é lá que são esterilizadas as zaragatoas.
Toda a operação, como contou o presidente do IST, exigiu uma adaptação dos equipamentos de investigação científica e a aquisição de materiais indispensáveis. E, por vezes, houve até necessidade de estabelecer cadeias de intervenientes, como no caso das zaragatoas: a sua produção propriamente dita coube à Hidrofer e Logoplaste; a Universidade do Algarve, através do seu Algarve Biomedical Centre, assegurou o líquido de transporte das amostras dentro dos tubos; e o IST, garantiu a esterilização das mesmas e a montagem dos kits, pelos seus alunos.
Foi em tudo isto que, segundo o responsável do IST, a parceria do Santander Universidades foi crucial. O regular mecenato do banco ao IST já existe desde 2009, financiando projetos, eventos e elevado número de bolsas, mas a proposta do Santander de converter estes fundos em respostas à situação pandémica foi logo aceite pelo Técnico. E, desde então, perto de 300 mil euros já foram afetados ao programa de combate ao Covid do IST.
“O Santander tem sido um parceiro indispensável ao Instituto Superior Técnico ao longo dos anos e, mais do que um parceiro, é um amigo”, afirmou Rogério Colaço.
Tal como fez com o Técnico, o Santander Universidades desafiou as 50 instituições do ensino superior (IES) com quem tem convénios para a aderirem ao seu programa de combate ao Covid-19. A iniciativa implicava a reorientação de 30% a 60% das verbas do mecenato Santander atribuídas a cada IES para a luta contra a pandemia. 38 instituições aceitaram de imediato, o que se traduziu numa afetação de 2,26 milhões de euros a medidas e projetos anti-pandemia.
Uma fatia considerável deste valor está a ser aplicada no financiamento de projetos de relevo relacionados com a Covid-19 e outra foi logo disponibilizada para iniciativas de intervenção social e meios de apoio a alunos em situação de emergência, avançou fonte oficial do Santander Universidades. E depois há sempre as bolsas, que continuam a ser apoiadas, e a que se juntam outras especificamente criadas para fazer face à pandemia. É o caso das 1.000 Bolsas Santander Futuro, que serão lançadas no próximo ano letivo (2020/21) para "apoiar de forma consistente e ágil" os alunos mais afetados pela crise, tentando prevenir o abandono dos estudos.