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Grande adesão de alunos - universitários e do secundário -, de docentes e das empresas da região, além do público em geral, que acorreu, na terça-feira, ao Open Day do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia; contou com a presença de um ministro, Manuel Heitor, com a pasta da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, e do já célebre vice-almirante Gouveia e Melo, que veio falar sobre a "Liderança durante a pandemia", um dos pontos altos do programa. A 3ª edição da Semana do Empreendedorismo da Universidade de Évora, iniciativa organizada com o apoio do Santander Universidades, decorreu entre 22 e 26 de novembro e saldou-se por um êxito. Sobretudo deu a conhecer que o empreendedorismo não é apenas querer ter um império empresarial e pensar no lucro.
"Há muita gente que acha que empreendedorismo é só ligado às grandes empresas, que é um conceito novo e que é apenas uma palavra", disse Ana Costa Freitas, cientista e reitora da Universidade de Évora. "Mas alguém tem a obrigação de transpor para sociedade o que é desenvolvido pela ciência: é isso que um empreendedor faz."
Ao longo dos cinco dias da semana que ontem terminou houve conferências, uma aula aberta, um open day - com exposições de projetos desenvolvidos por alunos da universidade e mais de 30 empresas presentes, algumas das quais spin-offs da UÉvora, geradas a partir de ideias criadas ainda dentro do campus - mesas redondas, talks e até entregas de prémios. Falou-se e debateu-se inovação, liderança, sustentabilidade e de empreendedorismo, que foi o tema prevalente.
A meio da semana, já a reitora da UÉvora se mostrava satisfeita com os níveis de participação no evento. O que no seu entender, só "prova que os alunos e os docentes estão cada vez mais despertos para o que é o empreendedorismo, o que é a inovação e porque é que nós temos de absorver este conceito de uma forma abrangente".
Para Ana Costa Freitas, o empreendedorismo não é só criar empresas ou criar o seu próprio emprego. "Uma pessoas que trabalha numa qualquer empresa também precisa de ter este espírito para poder inovar no seu dia a dia", disse, salientando que a UÉvora tem feito um grande esforço para incutir o espírito empreendedor e inovador nos estudantes e nos docentes.
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A esse respeito, mencionou os Prémios EI-GAITEC/Santander, cujos projetos vencedores foram este ano "muito interessantes", porque são de áreas diferentes e têm a ver com "o facilitar o outro".
A responsável referiu que prémios como este tornam cada vez mais importante a noção da multidisciplinaridade e da transversalidade do conhecimento: é preciso ter vários conhecimentos e isto tem tudo ciência por trás. "É importante a sociedade começar a perceber e, enfim, os responsáveis governamentais também, que a ciência não é um gasto mas um investimento" concluiu Ana Costa Freitas.
Inovação: Três projetos recebem Prémio EI-GAITEC Santander 2021
Foram conhecidos esta quinta-feira, 25 de novembro, no âmbito da Semana do Empreendedorismo da Universidade de Évora, os três projetos mais inovadores e empreendedores que concorreram ao Prémio EI-GAITEC Santander. Os projetos foram três, mas os vencedores só dois, já que o 2º premiado foi autor de duas ideias dignas de prémio. Cada projeto receberá 500 euros que serão aplicados na continuação do seu desenvolvimento e os seus responsáveis irão representar Portugal em concursos internacionais e nacionais.

Os vencedores do Prémio EI-GAITEC Santander também foram revelados na Semana do Empreendedorismo. O grupo de estudantes que criou a app UnExpected (a esq.) e Luís Cascalheira (à dta) criou a chupeta New Leaf e a plataforma HELIX 4.0
© Universidade de Évora / Comunicação
Tanto a New Leaf, como a HELIX 4.0 foram desenvolvidas por Luís Cascalheira, estudante de Línguas e Literaturas, na vertente de Línguas e Turismo. A New Leaf é uma chupeta biodegradável e ortodôntica que, depois de enterrada, transforma-se numa espécie vegetal. Além dos pontos positivos relativos à saúde do bebé e do meio ambiente, esta solução foi pensada para ajudar os pais cujos filhos têm dificuldades em largar a chucha após os 2 anos de idade, o façam mais facilmente pela curiosidade lúdico e sustentável de quererem ver uma planta a crescer.
A HELIX 4.0 é uma plataforma inteligente que pretende facilitar a entrada das empresas na indústria 4.0. A solução recorre a modelos de inteligência colaborativa e a processos de gamificação para capacitar as PME a incorporar tecnologia disruptiva para que a sua produção seja mais limpa e a sua eficiência maior.
Com estes dois projetos Luís Cascalheira irá representar Portugal e a UÉvora na competição internacional 928 Challenge.
A app Unexpected foi criada por quatro estudantes de Gestão - Simão Estevéns, Miguel Barbosa, Pedro Cardoso e Bruno Matilde - e permite que utilizador, ao querer ir jantar fora, escolha um pack (sendo que há-os com diversos preços de acordo com a qualidade dos restaurantes) e é sorteado um restaurante dentro de uma área predefinida pelo mesmo e há também ainda um baixo risco de lhe ser sorteado um restaurante que já conheça.
Este grupo de quatro estudantes levará a sua "Inesperada" app a representar a UÉvora na final nacional do concurso da Junior Achievement Portugal, edição 2021.
É de salientar que o Prémio EI-GAITEC Santander, no valor de 1.000 euros deveria supostamente ser só um, e distinguir um estudante ou grupo de estudantes, com especial aproveitamento no desenvolvimento de projetos na unidade curricular de Empreendedorismo e Inovação, daí o EI (já agora, trata-se de uma unidade desenvolvida no âmbito do Gabinete de Apoio à Inovação, Transferência, Empreendedorismo e Cooperação - GAITEC, o que explica o possivelmente estranho nome do prémio).
Mas a unidade curricular tem dois semestres com frequência de alunos diferentes e em cada um deles ha´sempre alguém se salienta, daí a tendência de em todos os anos o Prémio EI-GAITEC Santander passar de um a dois.
Palestra: Vice-almirante foi ensinar a universitários o que é liderar
Ponto alto da Semana do Empreendedorismo da Universidade de Évora foi a conferência do vice-almirante Gouveia e Melo, na terça-feira, 23 de novembro. Sob o tema "Liderança em tempos de pandemia", diz o pró-reitor para a Inovação, Transferência e Empreendedorismo, Paulo Infante, em que foi passado "muito valor".

O vice-almirante Gouveia e Melo deu uma conferência no segundo dia da Semana do Empreendedorismo que encheu o Salão Nobre da Universidade de Évora e foi dos eventos mais participados do programa
© Universidade de Évora / Comunicação
"De facto, passou ideais válidas que tocaram os estudantes, porque depois as intervenções foram em catadupa", contou Paulo Infante. O vice-reitor, que também docente do doutoramento de Matemática, fez as contas, para ser ter uma ideia quantitativa do interesse despertado, e disse que a sessão durou uma hora e um quarto, Gouveia e Melo só falou 25 minutos, e o resto foram as perguntas dos alunos na assistência e as respostas (concisas e sem divagações, claro) do vice-almirante.
"Passou as ideias-chave do que significa liderar, tem de se criar empatia, mas ser exigente, gerir conflitos, saber onde se pretende chegar, traçar objetivos claros, para se poder orientar os que estão abaixo na hierarquia - porque é impossível orientar estando desorientado - e para saber ultrapassar ou contornar os obstáculos que vão surgindo para lá chegar", descreveu o vice-reitor.
No final, toda a sua rígida disciplina militar não prepararam Gouveia e Melo para a rasteira que a espontaneidade dos estudantes lhe passou. Um aluno pediu o microfone, disse ser também filho um militar, lhe agradeceu muito pediu uma salva de palmas. A ovação e homenagem dos jovens deixou o vice-almirante visivelmente comovido.