Ser PME não é uma garantia!
Como em tudo, a dimensão é só e apenas uma característica. Nalguns casos pode trazer benefícios, noutros prejuízos. Não é, seguramente a sua dimensão que leva uma empresa ao sucesso ou ao desastre. Mas, no caso das PME, esta particularidade pode determinar o seu perfil de crescimento.
Porque as PME representam uma percentagem elevadíssima do tecido empresarial, a sua eficácia e fiabilidade reflete-se decisivamente na economia do país. A sua dinâmica define a evolução futura da economia de Portugal e dai a importância do fortalecimento do universo destas empresas.
No que se refere à sua própria realidade, as PME portuguesas têm na dimensão o maior desafio ao seu sucesso, por operarem num mercado estreito, pouco dinâmico e pouco versátil. Essa pequena dimensão acaba por ter consequências ao nível do capital, o que compromete o crescimento, aspeto igualmente sensível quando analisamos o potencial de concorrência com as suas congéneres internacionais.
Assim, tanto pela baixa expectativa de crescimento do mercado português, como pelas características intrínsecas que o empreendedor português genericamente manifesta, o caminho natural e desejável para o desenvolvimento das empresas e para o seu sucesso é o da internacionalização.
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Aqui temos algumas cartas fortes: os empresários nacionais são capazes de compreender, melhor do que ninguém, as necessidades dos seus interlocutores, de criar consensos e adaptar-se agilmente aos ambientes desconhecidos.
No entanto, a internacionalização é um caminho muito exigente. É um passo de gigante na vida de uma empresa porque são muitos os fatores que contribuem para tornar este caminho mais estreito.
Em primeiro lugar, gerir uma atividade e uma equipa a muitos milhares de quilómetros de distância exige competências de gestão mais sofisticada, o que normalmente aumento de custos. Exige ainda (e a montante) uma capacidade de analise do mercado desconhecido e distinto, de modo a dominar os fatores de diversidade que o caracterizam como sejam a cultura, a língua, o clima e a geografia. Obriga também a ultrapassar as normais dificuldades de acesso aos contactos institucionais o que exige perícia e conhecimentos numa sociedade que não se rege pelos nossos critérios e valores. Se queremos avançar para a internacionalização com boas perspetivas de êxito temos, decididamente, de alterar algumas práticas que decorrem do nosso tradicional comportamento empresarial.
O estabelecimento de parcerias é outra medida estratégica, que pode ser certeira na conquista de novos mercados. Para tal, há que ultrapassar o medo que tantas vezes nos domina. Analisados os riscos e benefícios é preciso confiar. Seja confiar nos potenciais parceiros, como no valor próprio da empresa para participar nessa parceria, sem medo de perder. É necessário assumir frontalmente as parcerias celebradas e estabilizar alianças. Precisamos de acreditar naquilo que fazem os nossos parceiros portugueses e deixar de sobrevalorizar os seus concorrentes internacionais. Quando bem geridas e estrategicamente estruturadas as empresas portuguesas conseguem concorrer com a suas congéneres internacionais.
Outra aposta fundamental é convencer as grandes empresas portuguesas a apostarem nas PME nacionais, como parceiras de ataque aos mercados internacionais. As porta-aviões podem ter um papel determinante de transporte das pequenas.
Continuemos a apostar no desenvolvimento das competências de gestão e na qualidade dos produtos e estaremos a criar condições para ampliar o mercado das PME portuguesas, do território nacional para a dimensão mundial, aonde assistiremos, não tenho qualquer dúvida, à afirmação destas empresas como líderes dos setores em que operam.
O papel das PME portuguesas no mercado mundial é único pelas suas próprias características e é excelente pela sua qualidade. Ganhemos este desafio!