Bloq.it. Solução portuguesa sem cadeados para qualquer cacifo

Começou nas praias, andou por eventos mas a tecnologia criada há dois anos tem cada vez mais interessados na logística e no retalho

Controlar cacifos apenas com uma aplicação no telemóvel é a proposta inovadora da Bloq.it. Nascida em 2019, em Lisboa, a startup portuguesa começou por desenvolver soluções para os consumidores, mas está cada vez mais focada no segmento empresarial. Além da expansão internacional, a mudança de clientes permitiu fechar uma ronda de financiamento de 600 mil euros junto de investidores portugueses e nacionais.

Os cacifos inteligentes são controlados através de uma aplicação móvel, que abre as gavetas e serve para os pagamentos. Depois de deixar os objetos, cada utilizador só precisa de decorar o código criado para poder abrir de novo os compartimentos. Os utilizadores podem lá deixar todos os objetos, mesmo o telemóvel, que pode ser carregado enquanto estiver guardado, graças a cabos preparados para iPhones e outros smartphones. As gavetas podem ser partilhadas com os amigos.

O software da Bloq.it também pode ser utilizado em cacifos de outras marcas. "Queremos ser o Android dos cacifos inteligentes. Temos muitos clientes que compram cacifos produzidos na China por serem mais baratos, mas começam logo a ter problemas no software e vêm pedir-nos ajuda para porem aquilo a funcionar", nota João Lopes, um dos fundadores, em conjunto com Ricardo Carvalho e Miha Jagodic.

No mercado empresarial, destaque para parcerias com a Sonae Sierra, a Glintt e a Jordão. Com a Sonae Sierra foi desenvolvida tecnologia para os consumidores comprarem diretamente aos lojistas sem terem de entrar no centro comercial Colombo. O protocolo com a Glintt permitirá a distribuição de cacifos para farmácias. O acordo com a empresa de refrigeração Jordão servirá para colocar a tecnologia em cacifos com capacidade de refrigeração.

O mercado internacional também está atento à startup portuguesa. "Estamos a ter os primeiros clientes em França e nos Países Baixos. Também temos distribuidores na Grécia e no Peru", assinala. O continente africano está a ser estudado - sobretudo Angola e África do Sul - e há interesse no mercado do Médio Oriente. A Bloq.it nem precisa de estar fisicamente nestes mercados: "Conseguimos enviar os cacifos e configurar tudo remotamente."

Quando tudo começou, no entanto, o conceito de cacifos era bem diferente. Os três fazedores conheceram-se nos Estados Unidos em 2018, durante um programa de aceleração. "O Miha ia para a praia na Croácia quando era mais novo e lá reparava que havia uma pessoa com uma mesa para os banhistas guardarem os pertences. Ele olhava para as filas e achava aquilo interessante, porque apercebeu-se de que havia uma necessidade que tinha de ser resolvida. O conceito inicial era colocar cacifos com pessoas lá dentro, como se fosse uma porta. Mas a ideia não era nada escalável."

Nesse ano, estavam a nascer as empresas de partilha de trotinetas. "Gostava muito do sistema: ter uma aplicação para controlar o dispositivo, encontrar o veículo no mapa e fazer o pagamento era muito interessante. Sabíamos que as pessoas queriam guardar as coisas na praia e os cacifos eram uma boa ideia... mas era preciso escalar. Por isso, apostámos no cacifo controlado por uma aplicação e sistema parecido com o das trotinetas."

No verão do ano seguinte foram instalados os primeiros cacifos, nas praias de Oeiras e de Cascais. A experiência valeu pelas reações. "Levámos alguns choques e começámos a perceber que a necessidade de cacifos inteligentes era mais sentida noutras indústrias e que o potencial estava no segmento empresarial, onde até tínhamos mais contactos." Também em 2019, os cacifos foram utilizados em festivais e grandes eventos.

Os fundadores da empresa acreditam que abriram um novo mercado e asseguram: "Se um empreendedor com 19 anos quiser pôr cacifos na praia, pode vir ter connosco para criarmos a solução. É bem mais simples agora, porque nós tivemos de construir toda a tecnologia."

Com uma equipa de oito pessoas, a Bloq.it vai contratar mais seis elementos ao longo deste ano, para o desenvolvimento de software e de produto.

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