Quantas vezes foi a um hospital e se perdeu em corredores, elevadores e acessos? Provavelmente algumas. Não foi o único. A mobilidade dentro das unidades de saúde é um dos pontos essenciais da experiência de um paciente e, sabendo isso, a consultora tecnológica Glintt, especialista em serviços de saúde, desenvolveu um aplicativo que permite ao utilizador situar-se quando vai a uma consulta ou exame clínico.
Chama-se Easy Hospital e integra o mapa da unidade com a localização do utente, numa espécie de GPS indoor. “A aplicação móvel surgiu depois de constatarmos, nos hospitais, que os pacientes, que já estão fragilizados, andam muitas vezes perdidos nos corredores. Quisemos construir algo, que fosse inovador e, aliando a tecnologia, que os fizesse perceber onde estão e para onde vão e que pudesse melhorar a sua experiência numa unidade hospitalar”, explica Carolina Sequeira, gestora de produto na Glintt.
O objetivo principal é proporcionar uma maior tranquilidade ao utilizador. Contudo, há outros benefícios acrescidos. “Claro que para as unidades de saúde também vai melhorar a rentabilização daquilo que é o custo, por exemplo, da atualização da sinalética. E, por outro lado, sabemos que muitos profissionais de saúde, que prestam cuidados, acabam por se desviar da sua função para estar a ajudar um paciente a chegar a onde deve chegar,” admite a responsável.
A aplicação vai ser disponibilizada para Android e iOS e poderá ser utilizada nos dispositivos móveis do utilizador, sincronizando depois com os dados que os próprios hospitais e clínicas disponibilizam, clarifica Carolina Sequeira. “Através de um sistema parecido com o Bluetooth, o telemóvel consegue fazer uma triangulação e consegue com muita precisão saber onde o paciente está e, com isso, posicioná-lo num mapa que está carregado, com as parametrizações que existem no sistema, que o próprio hospital pode atualizar e que é autónomo”. E se, ainda assim, o utilizador se perder, pode sempre enviar um pedido de ajuda que será emitido a uma central de apoio. Numa situação dessas, virá uma auxiliar ao seu encontro, que o encaminhará para o local pretendido.
O Easy Hospital foi desenvolvido por uma equipa de seis elementos, todos portugueses, quatro deles da Faculdade de Engenharia e da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e dois da Glintt, que fizeram a integração e adaptação da tecnologia à indústria. O aplicativo esteve este ano em desenvolvimento e em fase piloto e prevê-se que possa começar a ser instalado em hospitais a partir do início de 2017. No entanto, a comercialização do produto ainda não está totalmente definida. “Ainda não pensámos a 100% naquilo que pode ser a rentabilização. Tínhamos um objetivo que era melhorar a experiência dos pacientes no hospital e esse conseguimos atingir. Agora, queremos ainda inovar e evoluir mais, trabalhar outras tecnologias. Para já, estamos a pensar fazer a implementação em unidades que já usam soluções Glintt. Havemos depois, noutra fase, de ponderar também o mercado brasileiro, onde a empresa já está presente e onde o recurso a smartphones teve uma explosão nos últimos anos e há uma grande abertura para operacionalizar este tipo de projetos”, assegura a gestora do produto.
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O que é certo é que a empresa pretende que o Easy Hospital seja um serviço integrado a outros produtos que a Glintt já disponibilize. “Na evolução temos prevista a integração com os nossos produtos de Global Care. A ideia é que, na app do paciente, para além da localização, se possa tratar de marcações, por exemplo, e que se possa preparar toda a visita do paciente. E pensá-la seja no antes da visita, no depois da visita, e no durante”. Os planos do desenvolvimento tecnológico da aplicação são ainda mais ambiciosos. Envolvem também uma expansão multilíngue. “Nós sabemos que muito dos pacientes não falam português. E é importante que a sinalética possa ser percecionada noutras línguas”, justifica Carolina Sequeira.
A Glintt assume que, com o Easy Hospital, pretende trazer a mobilidade a uma área em que a mobilidade é importante para a experiência do paciente numa unidade de cuidados de saúde. A empresa pretende ; conseguir integrar essa mobilidade com os dados clínicos do utilizador, para que ele possa ter decisões informadas sobre o seu estado de saúde e consiga rever toda a sua experiência num aplicativo móvel.